A falta de regras claras tem atrasado o desenvolvimento das centrais de compras no País. Mesmo após a criação da Lei da Micro e Pequena Empresa, em que esse nicho se enquadraria como uma sociedade de propósito específico (SPE), pouco foi feito para a ampliação delas.

Na opinião do gerente do Sebrae-SP, Gustavo Marques, há mais de 10 anos a entidade trabalha ativamente no fomento dessas associações e, mesmo com a inserção da SPE na Lei das MPEs, o setor ainda engatinha. “Além da falta de uma regulamentação específica, há um certo preconceito por parte dos empresários tanto do comércio quanto do segmento de serviços em aderir a essas centrais de negócios”, disse ele.

Marques afirmou ainda que as centrais apoiadas pelo Sebrae nesse período tornaram-se mais competitivas e que a união entre os associados é que torna a iniciativa rentável. “Com medo de dividir estratégias de negócios e números, os empresários acabam por não aproveitar os benefícios de participar de uma central de negócios.”

Entre os benefícios destacados pelo gerente do Sebrae-SP estão: redução de custos, negociações mais atrativas com fornecedores, melhores práticas de marketing, melhoria dos processos de gestão das lojas, obtenção de crédito entre outros. “A única desvantagem é que esse empresário perde o contato direto com o fornecedor. Por outro lado, esse fornecedor se beneficia ao atender um número maior de empresas, afinal é melhor vender um caminhão cheio do que meio caminhão”, disse ele.

Segmentos

Segundo o Sebrae, uma central de negócio voltada para o mercado B2B atende hoje a diversos segmentos econômicos, entre eles o supermercadista. Com sede em São Paulo temos, por exemplo, a Rede Brasil de Supermercados, hoje com 17 associados entre supermercados e atacadistas de todo o País. Um deles é a Cooperativa de Consumo (Coop), que devido ao bom desempenho de sua operação acaba de anunciar a ampliação do centro de distribuição (CD). O espaço contará com 22 mil metros quadrados e além de reduzir o tempo de entrega dos produtos na prateleira das 28 lojas da rede, contará com sistema tecnológico para a separação dos produtos, conforme a rede.

Outro melhoramento realizado no CD, aponta a empresa, refere-se à aquisição de um equipamento chamado Sorter, que agilizará as operações no sistema de distribuição via cross docking – tipo de esteira que faz a separação automática dos produtos dirigidos a cada unidade da rede. A capacidade atual de separação de seis mil caixas ao dia vai aumentar para 18 mil.

Tecnologia a favor

Para o CEO da Área Central – empresa fornecedora de tecnologia para centrais de negócios – Jonatan da Costa, mais do que estar associado, ter auxílio tecnológico para a gestão dos processos é fundamental quando empresas diferentes se unem. “Com esses sistemas, eles conseguem fazer pedidos aos fornecedores de forma mais rápida, assim como gerir melhor seus estoques”, disse.

Com mais de quatro mil clientes (entre comércio e serviços) em 24 estados a utilizar o software de gestão da Área Central, a empresa atende hoje a 15 segmentos distintos e projeta crescer. “Temos o setor moveleiro, supermercados, material de construção. Nossa atuação tem crescido muito no Nordeste e no Sul no País. Mas ainda há muito espaço para a criação de novas centrais.”