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O Ministério da Saúde começa a distribuir para Estados dois medicamentos que serão incorporados ao tratamento da hepatite C, considerados muito mais potentes e com menos efeitos colaterais. As drogas sofosbuvir e daclatasvir, usadas em associação, devem estar disponíveis nos pontos de distribuição de medicamentos excepcionais a partir de novembro.

Uma terceira droga que também integra a terapia, o simeprevir, deverá chegar ao País nas próximas semanas. A expectativa é a de que ela esteja disponível para pacientes em dezembro.

O anúncio da chegada dos remédios foi feito nesta terça-feira, 20, pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro. “A incorporação desse medicamento terá um impacto semelhante aos exercido pelos antirretrovirais para pacientes com a aids”, disse.

A nova terapia tem eficácia de 90%, um índice bem superior aos medicamentos usados até agora (50% e 70%). A duração do tratamento também é menor: das 48 semanas atuais para 12 semanas. Foram adquiridos remédios suficientes para 30 mil pacientes, durante um ano.

Para a compra, o governo desembolsou R$ 1 bilhão. O valor é 90% menor do que o praticado no mercado internacional. As negociações foram feitas pelo antecessor de Castro, Arthur Chioro. Durante a cerimônia, o ministro fez elogios à atuação da equipe anterior.

Por ser mais eficaz e seguro, o tratamento poderá ser usado também por pacientes que até agora eram excluídos da terapia, como os com HIV, os transplantados ou que estão na fila de transplante. Atualmente, cerca de 10% dos pacientes com hepatite C também são portadores do vírus da aids.

O diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, avalia que a mudança no protocolo vai possibilitar a inclusão de novos pacientes ao tratamento. “A expectativa é dobrar o número de pessoas em terapia.”

Até agora, 11 mil pacientes estão cadastrados para receber o novo tratamento. “Fizemos uma compra com folga, não deve faltar medicamento para pacientes que preencham o protocolo preconizado”, disse o ministro.

Estima-se que 1,4 milhão de brasileiros sejam portadores do vírus da hepatite C. A transmissão acontece por meio de uso de drogas injetáveis, transfusões, sexo desprotegido e tatuagens. Os sintomas da doença somente aparecem quando a doença está em estágio avançado.

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil