por Ligia Baraldi

Em seis meses, o projeto Parto Adequado, desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, conseguiu aumentar em 7,4% a taxa de partos normais dos 42 hospitais que participam da experiência.

A iniciativa, que tem apoio do Ministério da Saúde, já demonstrou queda no número de cesarianas, que é o objetivo principal. A taxa de partos normais nestes hospitais passou de 19,8% em 2014 para 27,2% em setembro deste ano, com a taxa de cesáreas estimada em 72,8% em setembro.01partos3

O Brasil tem a maior taxa de cesarianas do mundo. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza 15%. Mas não é esse o nosso objetivo. Nosso objetivo é reduzir a taxa de cesarianas”, afirma Martha Oliveira, diretora de desenvolvimento setorial da ANS. “Ao longo do tempo, tivemos uma organização do trabalho do médico onde era mais fácil agendar todas as pacientes para o mesmo horário para se fazer a cirurgia”, afirma.

Ariani Mortari (31) e mãe há dois meses, também concorda que o parto normal precisa ser estimulado. “É muito bom você sentir e saber que conseguiu trazer seu filho ao mundo, te dá uma força sem fim para o início da maternidade, afinal o parto é só o começo disso tudo!”, conta.

Mortari sempre se interessou por parto normal. “Amava assistir programas que passam na TV contando a história de partos e sempre me interessei por todo processo que envolve o nascimento de um bebê e o poder que a mulher tem nas mãos de gerar e trazer seu filho ao mundo”, diz.

Ela conta que sofreu pressão por parte da família e de amigos quando chegou a 40 semanas, pois todos achavam que ela deveria fazer cesárea. “Se a mulher quer um parto normal é importante escolher uma equipe voltada para este tipo de procedimento. Entrei em trabalho de parto completando 41 semanas, geralmente os médicos esperam até 40 semanas”.

Quanto a equipe médica, ninguém a pressionou a mudar de ideia “Muito pelo contrário, se não fosse a confiança que meu médico passou em esperar por um PN, teria cedido a uma cesárea por medo, por isso a importância de ter uma equipe preparada”, completa.

Alguns médicos afirmam que o estresse do trabalho de parto amadurece o bebê e ao nascer, os líquidos pulmonares são espremidos e o bebê nasce respirando melhor. Rita Sanches, coordenadora da maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein aponta que quem nasce de parto normal tem uma saúde muito melhor quando adulto. E a mãe tem muito menos morbidade do que fazendo cesárea.

É importante mencionar que há os casos de quem gostaria de ter parto normal, mas por complicações é forçado a realizar a cesárea. Com parto agendado para o fim de novembro, Laryssa Mayer (18) é estudante de jornalismo e não poderá fazer parto normal. “Ela é muito grande pra mim, não tenho estrutura suficiente pra ela. Além de que eu já estou com 36 semanas e ela ainda não esta encaixada”. Outras complicações médicas também fizeram com que Laryssa optasse pela cesárea “Minha pressão está super baixa na gestação então eu corro o risco de desmaiar, então marquei minha cesariana para garantir a saúde da minha bebê”, relata.

Se não fosse pela questão da saúde, Laryssa conta que escolheria o normal “Eu tinha muita vontade do normal, mas quando minha bebê completou três quilos, eu mudei de ideia. Muitas pessoas me julgaram, e julgam quem faz cesárea mas é preciso ver o que é melhor para cada gestante. Toda mulher que gera um filho é mãe, não importa se veio de parto normal ou cesárea” desabafa.

Foto: Arquivo Pessoal