As vendas do comércio varejista brasileiro registraram queda de 0,9% em março na comparação com o mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (11). Essa é a maior baixa para março desde 2003, quando o varejo teve retração de 2,4%.

No primeiro trimestre, o comércio acumula queda de 7%, a maior da série, que, para essa base de comparação, teve início em 2001. O IBGE atribui o recuo aos “fatores inibidores de consumo: elevação da inflação, restrição do crédito e perda da renda real. Em março, frente ao mesmo mês do ano passado, as vendas caíram 5,7%.

A maioria dos ramos do comércio mostrou resultados negativos de fevereiro para março, com destaque para o de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que depois de uma leve recuperação em fevereiro, voltou a recuar 1,7% no mês seguinte.

Também influenciou o desempenho geral do varejo brasileiro o setor de móveis e eletrodomésticos, que depois de ver suas vendas subiram 6,1% em fevereiro, amargou uma queda de 1,1% em março. A venda de combustíveis e lubrificantes também pressionou a queda do índice nacional, ao mostrar retração de 1,2% após alta de 0,3% em fevereiro.

“Esse recuo aconteceu em perfil generalizado entre as atividades, mas tem forte influência do movimento de hipermercados. Isso reflete não só a perda real da renda, que tem impacto direto do consumo do setor supermercadista, mas também reflete a variação do preço dos alimentos, que subiu acima da inflação e que também afeta o consumo”, analisou Isabella Nunes, gerente de serviços e comércio do IBGE.

Na contramão, de um mês para o outro, cresceram apenas as vendas de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (6,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,7%).

Um ano atrás
O volume de vendas recuou na comparação anual, fortemente influenciado pelos segmentos de móveis e eletrodomésticos (-13,8%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,9%), além de tecidos, vestuário e calçados (-14,1%), combustíveis e lubrificantes (-10,1%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,2%), entre outros.

“A atividade de móveis e eletrodomésticos, com variação de -13,8% no volume de vendas em relação a março do ano passado, exerceu o maior impacto negativo na formação da taxa do varejo e registrou a 12ª taxa negativa consecutiva para essa comparação”, disse o IBGE, em nota.

Cresceram apenas as vendas de farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2%).

Análise por estados
O comércio teve queda em 26 das 27 unidades da federação em março sobre fevereiro de 2016, com destaque para o Acre (-6,9%), Espírito Santo (-5,2%), Amapá (-5,0%) e Rondônia (-4,8%). A única taxa positiva foi registrada em Sergipe (0,7%).

Na comparaçaõ anual, 26 estados também registraram queda. As maiores retrações partiram do Amapá (-22,1%), do Acre (-16,7%), da Bahia (-12,3%) e do Pará (-11,9%).

Receita
A receita nominal caiu 0,4% sobre fevereiro, mas cresceu 6,2% em relação a março de 2015. No ano, acumulada alta de 4,7% e, em 12 meses, de 3,1%.

Comércio ampliado
O comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as vendas de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, também registrou queda na comparação entre fevereiro e março, de 1,1%. Frente a março de 2015, o recuo foi de 7,9%.

A Pesquisa Mensal de Comércio visita 5.700 empresas em 27 unidades da federação.