Com assessoria/AN

A Caravana da Saúde atende nesta quarta-feira (25), com consultas e exames oftalmológicos, cerca de 50 remanescentes dos quilombolas que moram nas comunidades Tia Eva, São João Batista e Chácara Buriti, em Campo Grande. Os atendimentos médicos serão feitos no Centro de Convenções e Exposições Albano Franco, a partir das 10h.

Os quilombolas serão buscados em suas comunidades por equipes da Caravana da Saúde e da Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial e Cidadania, da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast). A iniciativa do atendimento é do Governo do Estado, que fez ações parecidas com ribeirinhos de Corumbá, indígenas de Dourados e idosos do Asilo São João Bosco, de Campo Grande.

Histórico das comunidades

 A comunidade Tia Eva recebe o nome de Eva Maria de Jesus, escrava nascida em Mineiros (GO). Ela sonhava em criar as três filhas com acesso à educação. Depois de obter a carta de alforria, Tia Eva mudou-se para o Mato Grosso (atualmente, Mato Grosso do Sul). Saiu de Goiás em 1905, chegando a Campos de Vacaria, hoje Campo Grande, onde trabalhou como lavadeira, parteira, cozinheira, curandeira e benzedeira.

Procurada por inúmeras pessoas, tornou-se referência na comunidade, o que lhe rendeu alguns benefícios financeiros. Até que em 1910 adquiriu uma terra de oito hectares que lhe custou 85 mil réis. No local, residem atualmente 115 famílias descendentes.

A comunidade Chácara do Buriti tem cerca de 40 famílias e fica a 27 quilômetros da área central de Campo Grande, na BR-163. O processo histórico de constituição da Comunidade Chácara Buriti está relacionado com a vinda da comitiva de ex-escravos que saíram em 1904 da região de Mineiros em direção ao antigo Mato Grosso em busca de terras para viver e plantar. Já na década de 1930, filhos de descendentes de escravos do Estado de Minas Gerais, como João Antônio da Silva, vieram para o antigo estado de Mato Grosso e adquiriram pequenos lotes, como a Chácara Buriti. Porém, nesse processo, a legalização em definitivo das terras da comunidade quilombola Chácara Buriti teve início somente em 2005, sendo finalizado no ano de 2012, tendo recebido do governo federal o título definitivo de posse da terra.

A comunidade São João Batista fica no bairro Santa Branca. No local existe a cultura religiosa do terço em honra a São João Batista e São Pedro, que surgiu por meio de uma promessa feita por Maria Rosa da Anunciação para saúde do filho José Soares Magalhães, nascido prematuro e sem chances de vida. Considerando que Maria Rosa da Anunciação e a família são descendentes de povos escravizados, oriundos de grupos quilombolas vindos de Minas Gerais, a comunidade se autodefiniu como negra através da Fundação Cultural Palmares. A Associação Familiar da Comunidade Negra “São João Batista” foi fundada em 15 de Novembro de 2000 e possui atualmente 15 famílias associadas. O certificado de Comunidade Remanescente de Quilombo foi expedido no ano de 2006.