A interação entre o comentarista Walter Casagrande Jr. e seu filho Symon emocionou quem assistia ao jogo entre Caldense e Corinthians pela TV Globo, na quarta-feira (08). O goleiro de 24 anos, reserva da equipe de Poços de Caldas, conversou com o pai ao vivo a convite da emissora e protagonizou uma bela conversa que roubou a cena na rodada.

“Eu fiquei meio emocionado com as coisas que ele disse”, afirmou o goleiro ao UOL Esporte depois de um treino no interior mineiro. “Quando ele falou que eu e meus irmãos ajudamos ele na recuperação… Eu não esperava, achei que ele fosse fazer alguma pergunta sobre o jogo. Mas veio uma coisa totalmente diferente. Eu não tinha ideia do tamanho da ajuda que demos na recuperação dele.”

Na transmissão, Casagrande relatou seu orgulho ao ver o filho como jogador e contou sobre o papel que Symon teve em seu processo de recuperação da dependência química.

“Estou muito orgulhoso de você e estou muito feliz de ver você hoje no banco de uma grande equipe”, disse Casagrande. “Você me ajudou muito nos problemas que eu tive, você foi muito importante na minha recuperação.”

Até 2007, quando sofreu um acidente de carro e foi internado numa clínica de reabilitação, o ex-atacante usava constantemente drogas ilícitas, como a cocaína. Algumas vezes, a dependência chegava a atrapalhar a relação com os filhos.

“A ajuda que dei foi mais a gente tentando refazer a rotina que ele tinha antes. A gente costumava sair junto em família, e isso meio que se perdeu. Eu era muito pequeno e não entendia por quê. Depois eu fiquei sabendo”, disse Symon.

“Quando uma coisa dessas acontece, tem duas reações: ou a pessoa fica puta da vida e larga mão ou acolhe e tenta ajudar. Em família, em uma ação conjunta, tentamos ajudá-lo. Foi uma questão de proteção, queria protegê-lo.”

Após falar com o filho no intervalo do jogo, Casagrande, que já lançou um livro no qual narra seus problemas com drogas, também disse que a dependência afetou a família toda. Além de Symon, ele é pai de Ugo Leonardo e Vitor Hugo. “Na época que eu estava tendo aqueles problemas com drogas, estava atrapalhando a vida de todo mundo. Ninguém conseguia andar, fazer nada na minha casa. A sobriedade na minha casa afetou positivamente a família toda”, disse Casagrande.

Symon também destacou o apoio de profissionais da psicologia que ajudaram a família a encarar o problema: “Tivemos a ajuda de profissionais e várias conversas em família para aprender a lidar.”  (Uol)