Ex-chefe da área de operações estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas disse ao TSE que, quando os valores eram menores, os repasses a João Santana e à mulher do marqueteiro, Mônica Moura, eram feitos em “qualquer lugar”.

Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no âmbito da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, o ex-chefe do setor de operações estruturadas da Odebrecht, também conhecido como “departamento de propina” da construtora, Hilberto Mascarenhas revelou detalhes dos pagamentos feitos a João Santana e a mulher, Mônica Moura, marqueteiros da campanha petista. Segundo ele, Mônica, responsável pelas movimentações financeiras, era uma das cinco maiores destinatárias dos recursos desviados de contratos da empreiteira com o governo. Ele disse que, se os valores eram pequenos, os repasses eram realizados em qualquer lugar, “num bar” ou até “no cabaré”. Quando as quantias eram mais elevadas, a mulher de Santana ou um representante se hospedava em um hotel para receber o valor de intermediários ligados à construtora.

Como responsável pelas negociações, ele disse que preferia pagar tudo em contas fora do Brasil. A marqueteira, no entanto, pedia para receber parte do dinheiro no país para pagar alguns serviços da campanha. No depoimento ao TSE, Mascarenhas foi questionado pelo juiz auxiliar de Herman Benjamin, relator do caso, sobre o debate em curso no Brasil, se há diferença entre caixa 2 e propina. Na resposta, ele afirmou que não há distinção e que os valores para os dois tipos de pagamentos saíam das mesmas contas. “Para mim, é a mesma coisa, viu, doutor. Propina, caixa dois e não contabilizado. É a mesma coisa.”