Pacientes com obesidade mórbida e de baixa renda do Mato Grosso do Sul terão a possibilidade de recuperar a qualidade de vida. 90 pessoas já estão na fila de espera para a realização da cirurgia, isso porque, no próximo mês de setembro, o Hospital Universitário de Campo Grande vai reabrir o serviço de cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que estava fechado há dois anos.

De acordo com o professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e presidente do Capítulo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCBM), Wilson de Barros Cantero, as cirurgias bariátricas pelo SUS passarão a ser feitas por videolaparoscopia.

“O Hospital Universitário já está comprando todo o material necessário para as cirurgias que iniciarão em setembro com o apoio da Universidade”, conta o professor e cirurgião bariátrico há 17 anos, Wilson Cantero.

Ele conta que até dois anos atrás a cirurgia bariátrica aberta era realizada em três hospitais do Estado, fechados posteriormente devido a problemas técnicos. “Desde então não existia alternativa para fazer a cirurgia bariátrica pelo SUS no Mato Grosso do Sul”, relata o cirurgião.

Na capital Campo Grande são realizadas – em média – 60 cirurgias bariátricas por mês e a cidade concentra o atendimento particular dos 77 municípios do estado para obesidade mórbida. Mato Grosso do Sul conta com 11 cirurgiões associados a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

“Com a reabertura do serviço, a intenção do Hospital Universitário é criar um centro de treinamento para novos cirurgiões bariátricos”, relata Cantero.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Mato Grosso do Sul, 390 pessoas aguardam consulta pelo SUS para avaliar a necessidade da cirurgia.

Laparoscopia – Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde incorporou a videolaparoscopia nos procedimentos de cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS.

No ano passado foram realizadas cerca de 100 mil cirurgias bariátricas em todo País. Desse total, apenas 10% dos procedimentos foram feitos na rede pública. “Com a videolaparoscopia podemos ampliar os atendimentos no SUS, pois tanto a cirurgia quanto a recuperação do paciente demandam um tempo menor”, conta o presidente da SBCBM, Caetano Marchesini.

Considerado um procedimento menos invasivo e, consequentemente mais seguro, a laparoscopia possibilita ao paciente um tempo menor de recuperação. Além disso, enquanto na cirurgia aberta os pacientes levam de 30 a 60 dias para voltarem às suas atividades de trabalho, na cirurgia laparoscópica eles já estarão liberados em 15 dias.

Outras vantagens que envolvem a cirurgia laparoscópica são a diminuição do risco de hérnias e infecção da ferida cirúrgica que são muito maiores na cirurgia aberta.

A cirurgia não tem indicação como tratamento estético e sim para melhora de doenças associadas à obesidade e qualidade de vida. Deve ser recomendada apenas para pacientes com IMC igual ou maior que 40kg/m² e pode ser realizada em casos de IMC entre 35kg/m² e 40kg/m², desde que o paciente tenha comorbidades como, por exemplo, diabetes e hipertensão.