Uma guarnição da Polícia Militar impediu a execução de um casal que estava rendido por bandidos  dentro da própria casa na Rua Marilia, no Jardim Noroeste, em Campo Grande. O crime praticado na noite deste sábado, 21 de outubro, tem relação com o tráfico de drogas. Quatro pessoas foram presas.

Os bandidos torturaram o casal e fizeram uma conferência via telefone celular com outras pessoas que determinaram que a sentença deles seria a morte. Foi em meio a esta conferência que a guarnição chegou ao local e impediu que as vítimas fossem executadas.

Conforme o Boletim de Ocorrência, o crime foi descoberto quando a Guarnição Força Tática VTR 102341 foi acionada para verificar possível sequestro em que um dos autores estaria armado. Ao chegarem ao endereço, um dos participantes estava na frente da residência. No momento em que os policiais o indagavam perceberam uma movimentação estranha dentro da casa.

Eles viram um homem correndo para os fundos do imóvel e ouviram uma mulher chorando e gritando no interior da residência. A polícia solicitou que todos saíssem da casa para que a situação fosse esclarecida. Foi quando o proprietário e sua esposa revelaram que estavam em situação de sequestro/cárcere privado.

O dono do imóvel relatou aos policiais ter transportado drogas para uma quadrilha de traficantes. Ele foi contratado por um homem pelo valor de R$20 mil para levar uma carreta carregada com droga em um fundo falso. A carga que constava em nota fiscal era de osso triturado. O entorpecente saiu da cidade de Ponta Pora-MS e seguiu até a cidade de Belo Horizonte (MG). Nesta primeira viagem, ele entregou a mercadoria e recebeu o valor acertado.

Passados alguns dias, no mês de agosto, foi combinada outra viagem para o mesmo destino, mas desta vez, a vítima recebeu do contato apenas R$16 mil faltando R$4 mil do valor acertado.  O homem teria perdido o número do telefone do traficante, ficando assim, de posse da carreta dele usada para o transporte do entorpecente.  Foi aí que o motorista resolveu vender os pneus da carreta para cobrir o valor que faltava do pagamento.

Posteriormente, o motorista resolveu penhorar pelo valor de R$4 mil o cavalinho (sem a carreta) para outra pessoa, que por sua vez, deixou o veiculo estacionado em um lava jato na Avenida Eduardo Elias Zahran. Contudo,  o proprietário da carreta e outras duas pessoas  que participaram do sequestro localizaram o cavalinho no lava jato. Foi quando descobriram que o motorista que transportou a droga teria ficado com o veículo.

O dono da carreta e outros três homens seguiram para a casa do motorista onde submeteram o homem e a mulher a torturas psicológicas. Eles diziam que iriam matá-los, que já sabiam o nome do filho da mulher que reside em outro local e que todos morreriam.

O cárcere durou aproximadamente 40 a 50 minutos. Os autores quebraram os celulares das vítimas. A morte do casal foi definida em conferência via telefone celular que os bandidos fizeram com outras pessoas. A conferência ainda estava em andamento quando a polícia chegou e impediu que as vítimas fossem executadas.

Quando a PM chegou um dos bandidos pulou o muro, sendo capturado pouco depois. Na fuga, ele teve a mão direita e esquerda cortadas e o joelho esquerdo escoriado.  As chaves da residência e do portão de acesso à casa foram encontradas no bolso da calça de um dos autores.  A polícia obteve informações que um veículo Hyundai I30 da cor preta (não identificado) estaria dando apoio ao bando. O carro não foi localizado.

A polícia se deslocou até o lava jato, mas o cavalinho não estava mais no local. Segundo policiais, ele provavelmente foi levado por um guincho  já que havia marcas da prancha do guincho no local. Já carreta, segundo informação da vítima, estaria em um terreno baldio pelo Bairro Panorama.

Os quatro homens presos pelo sequestro residem em Ponta Porã. Indagados, eles relatam que não sabem de nenhum veículo e que foram apenas visitar um amigo.

Todos foram encaminhados para Delegacia de Pronto Atendimento  Comunitário do Centro da Capital, bem como a camionete Hillx de placas GFZ7878 usada no crime.  O caso foi registrado como sequestro e cárcere privado.