O ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, preso preventivamente na manhã desta terça-feira, dia 14 de novembro, era a figura central em esquema de lavagem de dinheiro, que causou danos de R$ 235 milhões aos cofres públicos. Segundo as informações da Polícia Federal (PF), Puccinelli era o “principal beneficiário e garantidor do esquema que tinha operadores, com funções definidas, várias empresas envolvidas no recebimento de vantagens e no pagamento de propinas”.

De acordo com as informações do Superintendente Regional da Controladoria Geral da União de Mato Grosso do Sul, João Paulo Barbiere, há também, nessa 5ª fase, o envolvimento da Águas Guariroba e a empresa Proteco, de João Amorim, que foi conduzido coercitivamente na operação de hoje. “A lavagem era executada por meio de contratos fictícios de patrocínio, aquisições de livros e de assessoria jurídica, envolvendo um escritório de advocacia, que tem dentre os sócios André Puccinelli Junior, e o Instituto Ícone de ensino jurídico, que também está ligada ao filho de Puccinelli”, revela Barbiere.

A prisão do ex-governador e o filho se deu após delação de Ivanildo da Cunha Miranda, que em colaboração premiada, afirmou que fez repasses para Puccinelli, em espécie.

Os pagamentos começaram em 2011 e perduraram até este ano. “Os valores foram de R$ 3,5 milhões a R$ 5 milhões. Por meio de pagamentos mensais e eventos teoricamente do Instituto Ícone, no qual a Águas atuava como patrocinadora, mas ela se quer aparecia nos encartes, na divulgação dos eventos. Indica-se que seja simulações de patrocínio, para se efetivar a transferência de recurso, que possibilita a lavagem de dinheiro”, explica o superintendente.

Em um dos esquemas está uma suposta estação de tratamento em Dourados, que só existiu em um suposto contrato. “Na segunda fase, um material apreendido, mostrou que a Proteco havia adquirido uma estação de tratamento que foi revendia para Águas no outro dia com o lucro de um milhão. Foi comprada por R$ 3,5 milhões e revendida, no outro dia, por R$ 4,5 milhões. A estação se quer existe. O contrato foi apena simulados para aproveitar a transferência de recursos entre as duas empresas”, afirma Barbiere.

Segundo o delegado da Polícia Federal, Cleo Mazzoti, durante coletiva de imprensa, na manhã de hoje, a prisão dos envolvidos foi fruto de muita investigação. “Temos oitivas de operadores do esquema admitindo que recebiam, quanto e como, temos planilhas demonstrando como era esse recebimento de propina e temos documentos que comprovam a lavagem de dinheiro”, afirma o delegado.

JBS – De acordo com Cleo, após localizar durante mandados de busca e apreensão, planilhas de valores, com valores debitados, a polícia conseguiu provas para mostrar que a JBS estava recebendo incentivos fiscais. “Na 4ª fase conseguimos provas suficientes para demonstrar que a JBS estava recebendo incentivos fiscais e estava pagando de 20 a 30 por centro dos valores recebidos a título de benefício fiscal, em propina. Em delação da JBS, foi demonstrado na planilha, os mesmos valores, que confirmaram o esquema”, afirma o delegado.

Foram presos nesta manhã, além do ex-governador e o filho, também advogados Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves. O empresário João Amorim foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento na PF.

Foram detectados, durante essa fase, um prejuízo aos cofres públicos de R$ 85 milhões.

Operação –  A investigação tem como objetivo desbaratar Organização Criminosa que desviou recursos públicos por meio do direcionamento de licitações públicas, superfaturamento de obras públicas, aquisição fictícia ou ilícita de produtos, financiamento de atividades privadas sem relação com a atividade-fim de empresas estatais, concessão de créditos tributários com vistas ao recebimento de propina e corrupção de agentes públicos. Os recursos desviados passaram por processos elaborados de ocultação da origem, resultando na configuração do delito de lavagem de dinheiro.

Foram cumpridos dois (2) Mandados de Prisão Preventiva, dois (2) Mandados de Prisão Temporária, seis (6) Mandados de Condução Coercitiva, 24 Mandados de Busca e Apreensão, além do sequestro de valores nas contas bancárias de pessoas físicas e empresas investigadas. As medidas foram cumpridas em Campo Grande, Nioaque, Aquidauana e São Paulo, com a participação de mais de 300 Policiais Federais, servidores da CGU e servidores da Receita Federal.

As informações e fotos são do Diário Digital