A chuva deu uma trégua, mas moradores de Miranda estão em alerta com a cheia que atinge o Rio que leva o mesmo nome do município. De acordo com a Defesa Civil, às 8 hs da manhã desta quinta-feira (11), o nível estava em 7 metros. O volume normal varia entre 1,80 e 5,80 metros. Quando o curso de água atinge mais de 7 metros, já é considerado situação de emergência. Este ano, a enchente veio mais cedo em razão do grande volume de chuvas das últimas semanas.

Com o nível do rio chegando no nível informado, a água já começou a tomar conta das ruas e invadir as regiões mais baixas. Alguns bairros já foram afetados, entre eles, Jardim Eldorado, Maria do Rosário e Morada do Pantanal, porém, segunda a Prefeitura de Miranda, não há registros de famílias desalojadas e nem desabrigadas. Caso ocorra desalojamento, a assessoria informou que há locais com infraestrutura necessária para atender os moradores. A Secretaria de Obras e a Defesa Civil estão com equipes de plantão para atender a população caso haja necessidade.

A alta por conta das intensas chuvas começaram em novembro, um mês antes do esperado pelos moradores da região. Na madrugada do dia 8 de dezembro, por exemplo, o nível do rio Miranda chegou a 7,38 metros.

No dia 08 de dezembro, a prefeita de Miranda, Marlene de Matos Bossay, decretou situação de emergência no município em razão dos estragos provocados pelo excesso de chuva, como alagamentos em rios e córregos e danos em estradas, pontes e tubulações. O decreto foi publicado no Diário Oficial do município.

Embrapa alerta que cheia no Rio Paraguai pode agravar situação de Miranda

A cheia na bacia do Rio Miranda pode se agravar nos próximos meses, principalmente na zona rural. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) prevê inundações de médio a grande porte a partir de março, quando o nível do Rio Paraguai subir na região em que os dois cursos d’água se encontram.

Segundo o pesquisador Carlos Padovani, no Pantanal do Mato Grosso as chuvas já estão acima da média. Quando essa cheia chegar em Corumbá, o Rio Paraguai extravasa e encontra a região de Miranda toda inundada. Isso é uma situação perigosa e preocupante.

“Há motivos [contudo] para se preparar para uma cheia de médio a grande porte. O Miranda, ao mesmo tempo que está inundando, está sendo drenado ao chegar no Rio Paraguai, que ainda está com a calha baixa. Mas, quando o Rio Paraguai subir, vai represar o Miranda e isso é preocupante”, explica Padovani.

Tudo indica, conforme o pesquisador, que vai continuar chovendo na região, mas não basta que as tempestades cessem, já que mesmo que o nível do rio baixe, o solo estará encharcado e absorverá menos água no período crítico.

“A cheia no Rio Paraguai começa em Mato Grosso e demora cerca de quatro meses para chegar em Corumbá. Quando ela é grande, chega mais cedo, entre abril e maio. Quando é média, chega por junho e julho. Quando é fraca, chega em agosto. Este ano vai estar de média para grande e o pico deve ser no quinto mês”, completa.