Uma adolescente de 17 anos ficou em coma alcoólico e sofreu abuso sexual durante uma festa open bar organizada por estudantes universitários na terça-feira (20) em Dourados. O caso foi denunciado na 1ª Delegacia de Polícia e será investigado pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

De acordo com a rádio Grande FM, a denúncia foi feita pela mãe da estudante, caloura de um dos cursos da área de engenharia da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Moradora em Nova Andradina, cidade a 190 km de Dourados, a estudante foi aprovada no curso da UFGD e se instalou na cidade onde fica a sede da universidade para iniciar o ano letivo nesta semana.

Pela manhã, a adolescente participou junto com outros calouros do trote organizado pelos próprios estudantes e participou da arrecadação de dinheiro nos semáforos da área central de Dourados. O dinheiro foi usado para bancar a festa open bar, que ocorreu no Bloco dos Sacudos, um espaço de festas na Avenida Indaiá, região oeste da cidade.

Já na parte da tarde, a mãe da adolescente foi informada através de ligação telefônica por um funcionário do Hospital da Vida que a estudante estava internada em coma alcoólico. A mãe veio para Dourados e após ficar sabendo que a filha também tinha sofrido abuso sexual ela procurou a polícia.
Outro caso semelhante de adolescente abusada nas festas dos trotes foi denunciado domingo (18) à polícia em Dourados.

Apesar de proibidos, os trotes organizados pelos próprios veteranos das universidades continuam em Dourados. Na UFGD, por exemplo, são feitas campanhas contra os trotes violentos e a universidade organiza uma programação com atividades recreativas para marcar a recepção aos calouros.

Nesta quarta-feira (21), a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis recepcionou os calouros no auditório central da Unidade 2, às 8h e às 19h. De quarta até quinta haverá atividades de integração, como embaixadinha com bola de tênis; chute ao alvo, arremesso de bambolê, futsal, truco e batalhas de rimas.

A UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) promete punir estudantes da instituição envolvidos no trote. Em nota divulgada, a universidade afirmou que adotará “todas as medidas administrativas cabíveis”, inclusive abertura de um processo administrativo disciplinar para acompanhar o caso.

Foi informado que a adolescente chegou ao hospital com roupas masculinas. Antes de encaminhá-la para o hospital, veteranos que organizavam a festa a levaram até uma república, para que as roupas sujas da menina fossem trocadas.

“Estamos acompanhando o caso junto à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e nos colocamos à disposição da segurança pública para auxiliar nas investigações, ressaltando que cabe à delegacia a investigação criminal”, afirma a UFGD.

A universidade também disponibilizou seu serviço de ouvidoria para receber informações e denúncias sobre trotes violentos e disse que mantém o setor de atendimento psicológico para atender tanto a vítima quanto seus familiares.

“Já está confirmada uma agenda da equipe da UFGD com a delegada para mais esclarecimentos dos fatos nesta quarta-feira. A Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis já acionou a Polícia Militar para ações mais efetivas contra o trote, considerado crime nas instâncias federal, conforme portaria nº 083, de 7 de março de 2007, e estadual, por meio da Lei Estadual nº 2.929, de 9 de dezembro de 2004”, afirma a nota da UFGD.

A universidade informou que vai aproveitar as atividades de recepção aos calouros, amanhã e quinta-feira, para abordar temas como violência, assédio e estupro entre os acadêmicos que estão chegando à instituição. “sabendo das consequências danosas junto à comunidade acadêmica, repudiamos toda e qualquer ação de trote”.