Ricardo Dias Campos, de 63 anos, foi socorrido na noite desta quinta-feira (19), ao Hospital da Vida, depois ser baleado com 4 tiros numa fazenda entre Ponta Porã e Dourados. O fazendeiro identificado como Luiz Brunetta, de 62 anos, patrão do Ricardo, foi assassinado na propriedade rural.

Segundo as primeiras informações que chegaram à Polícia Rodoviária Federal, Ricardo Dias Campos, chegou no posto Capey, na BR-463, ferido com 4 tiros, e contou que pistoleiros invadiram a fazenda e tiram nele e no patrão. A fazenda fica localizada nos fundos do Posto da PRF.

Os patrulheiros socorreram Ricardo e pediram apoio ao Corpo de Bombeiros de Dourados.  Em seguida uma ambulância se deslocou para a BR 463 e encontrou a viatura da PRF nas proximidades da ponte do rio Dourado. Ricardo foi socorrido ao hospital em estado grave.

As policiais rodoviária federal e civil foram até a fazenda onde encontraram o corpo do fazendeiro próximo da cozinha da residência. Em cima de uma mesa, próximo ao corpo, foi encontrado um tablete de maconha. No quintal da casa tinha uma caminhonete com placas de Dourados.

Ligação com o tráfico – O site de notícias Campo Grande News noticiou nesta sexta-feira (20) que Luiz Brunetta era suspeito de ligação com facções criminosas que dominam as favelas cariocas e estão radicadas na fronteira com o Paraguai, em guerra pelo controle do narcotráfico.

No dia 18 de fevereiro do ano passado, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) prendeu um integrante do Comando Vermelho que estava hospedado na Fazenda Santa Edwirges, de propriedade de Luiz Brunetta e onde ele foi executado a tiros ontem à noite.

Gerisvaldo de Jesus Santos, 36, morador na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, usava documento falso quando foi preso por policiais rodoviários federais.

O Campo Grande News apurou que ele estava na região com a missão de vigiar o Posto Capeí, na BR-463, onde funciona uma base da PRF. A rodovia é um dos principais corredores do tráfico de maconha em Mato Grosso do Sul.

“Pior posto” – Em áudios enviados para seus cúmplices cariocas através do aplicativo WhatsApp, Gerivaldo Santos afirmou que a unidade da PRF na rodovia entre Ponta Porã e Dourados é “o pior posto policial que existe na fronteira”, dando a entender que seria difícil passar pelo local com carregamentos de droga.

“Eu saí da fazenda, tô na cidade, na fazenda não pega internet, não. A fazenda é atrás do pior posto policial que existe na fronteira”, afirmou Gerisvaldo Santos.

“Já que você saiu da fazenda tem que tomar mais cuidado ainda, não passa batido, não, quanto mais com essa banha aí que tu tá, deve tá comendo bem para c… lá né?”, responde o homem que conversava com Gerisvaldo pelo aplicativo.

Em seguida, na mesma conversa, eles falam sobre a qualidade e o preço da maconha vendida na fronteira. “Barato, velho, pô, quarentinha, de graça”, afirma o outro bandido, ao ver a foto de uma porção de maconha. Eles falam também sobre um fuzil, cujas fotos Gerivaldo também enviou pelo WhatsApp.

Prisão em 2017 – Gerisvaldo Santos foi flagrado pelos policiais rodoviários a 300 metros do Posto Capeí, escondido em uma moita de capim colonião. Natural de Itabaianinha (SE), ele usava uma identidade falsa porque estava foragido da justiça.

O bandido contou que se no Rio de Janeiro assaltou o Hotel Marina, em 2002, por isso ficou preso até 2011, quando saiu em liberdade condicional e foi para o Ceará, onde praticou outro assalto e foi preso pela PM. Passou um tempo preso no presídio em Ipueiras (CE), de onde fugiu pela última vez.

Gerisvaldo contou ainda que morava na Rocinha e era membro da facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos). Entretanto, os policiais descobriram que ele mentiu sobre a facção e na verdade é integrante do Comando Vermelho, que está em guerra com o PCC (Primeiro Comando da Capital) pelo controle do narcotráfico na Linha Internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

Ele negou que estivesse vigiando o posto da PRF e disse que estava na região para fazer uma cobrança para o dono da fazenda onde estava hospedado – Luiz Brunetta, assassinado na quinta.

Os policiais rodoviários federais foram até a Fazenda Santa Edwirges, onde Brunetta confirmou ter contratado Gerisvaldo para tal serviço. Como usava documento falso e tinha um mandado de prisão contra ele, Gerisvaldo foi encaminhado à Polícia Federal em Ponta Porã.