A Operação Efeito Dominó, deflagada pela Polícia Federal de Curitiba (PR) na manhã desta terça-feira (15), desmontou núcleo de lavagem de dinheiro do traficante internacional Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, um dos maiores fornecedores de droga da América do Sul. A partir de Mato Grosso do Sul, pai e filho, presos em Dourados e Campo Grande, atuavam como laranjas, fornecendo nomes para compra de propriedades e imóveis.

Durante coletiva de imprensa na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná, os delegados Roberto Biasoli e Igor Romário de Paula, explicaram que o filho, cuja a identidade não foi revelada, era um dos homens de confiança de Cabeça Branca. “Com apoio do pai, além de comprar fazendas, também plantava grãos e criava gado, bem como cedia dados pessoais para abertura de contas, sendo recompensado financeiramente”, disse o delegado Igor.

De acordo com a PF, um dos mandados de busca e apreensão e prisão foi cumprido na Capital sul-mato-grossense, no condomínio de luxo Set Village, localizado na região da Vila Nasser. Outra prisão ocorreu em imóvel na Rua Geni Ferreira Milan, nas imediações da Usina velha, em Dourados. Por conta do caráter sigiloso da operação, a polícia não revelou as identidades dos investigados, a fim de não comprometer desdobramentos da operação.

Núcleo dos doleiros

Considerado pela polícia como “executivo do crime organizado”, Cabeça Branca operava de forma sistemática, com procedimentos e padrões pré-definidos. Por exemplo, ele tinha pouco contato com seus aliados e só falava com aqueles de maior importância na escala hierárquica da organização, tanto que dividia seus parceiros em dois setores principais: o da lavagem de dinheiro, operado pelos sul-mato-grossenses e o do grupo dos doleiros.

Entre os doleiros estava Carlos Alexandre, o Ceará, delator da Lava Jato que informou à justiça série de pagamentos de propina e esquemas de corrupção. Mesmo tendo firmado acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), posteriormente homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ele continuava com suas operações ilegais. “Indícios apontam que ele e o traficante cooperavam mutuamente pelo menos desde 2016”, pontuou o delegado Roberto.

Junto com Ceará também participavam outros dois doleiros, os maleiros, que faziam o transporte dos valores em espécie, e os laranjas. Tal esquema era importante para os dois lados. Os doleiros tinham a necessidade de grande volume de reais em espécie para o pagamento de propinas. Por sua vez, o traficante tinha disponibilidade de recursos em moeda nacional e precisava de dólares para efetuar as transações com fornecedores de cocaína.

Parceria

A troca de serviços era parte importante do processo já que o dinheiro em espécie não deixa rastros e dificulta a investigação. “Temos uma lista com mais de 200 nomes de pessoas físicas e pessoas jurídicas envolvidas com o grupo e que serão investigadas. As que identificamos, conseguimos fazer a ligação com dificuldade, por conta do modo de agir deles”, pontuou Roberto.

A suspeita é de que Ceará tenha movimentado aproximadamente 140 milhões de dólares. Ele não trabalhava apenas com traficantes. A PF suspeita que quantia significativa do dinheiro sujo era entregue a políticos corruptos investigados na Lava a Jato. Cabeça Branca, por sua vez, também operava cifras milionárias com o envio de cocaína para a Europa. Em grandes centros do velho continente, o quilo da droga vale de 20 mil a 40 mil euros.

Operação

A Operação Efeito Dominó é desdobramento da Operação Spectrum, deflagrada pela PF ano passado. A ação mirou alvos em Campo Grande e Dourados, onde houveram prisões, além de Amambai, bem como em outras oito cidades nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Distrito Federal e São Paulo. Ao todo, 90 policiais foram às ruas cumpri 18 mandados de busca e apreensão, cinco de prisão preventiva e três de prisão temporária. Foram apreendidos dinheiro, veículos, arma de fogo e documentos.