Mato Grosso do Sul tem a sexta maior taxa de homicídios de mulheres do país, com 6,0 por 100 mil habitantes. O estado fica atrás apenas de Roraima, com 10; Paraná, com 7,2; Goiás, com 7,1; Mato Grosso, com 6,4 e Rondônia, com 6,2. Os dados de 2016 fazem parte do Atlas da Violência 2018, que foi lançado nesta terça-feira (5), pelo Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (IPEA) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

O Atlas da Violência analisa os números do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, entre os anos de 2006 e 2016, em paralelo com informações dos registros policiais publicadas no 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do FBSP.

Segundo a pesquisa, em 2016 foram assassinadas em Mato Grosso do Sul, 80 mulheres, o que representa um crescimento de 37,9% frente a 2015, quando foram mortas 58. Analisando os dados de uma década, tomando como referência 2006, quando foram registrados 55 homicídios de pessoas do sexo feminino, o levantamento indica um incremento ainda maior, 45,5%.

O Atlas destaca que as questões de gênero e raça são fundamentais para entender a violência letal contra as mulheres, e aponta que entre 2015 e 2016, aumentou em 17,3% a taxa de homicídios contra mulheres negras em Mato Grosso do Sul, passando de 5,4 para 6,3 por 100 mil habitantes. Esse último indicador coloca o estado com a nona maior taxa do país neste aspecto.

Ainda em relação a violência contra as mulheres, o levantamento destaca o problema da subnotificação dos casos de estupro. A pesquisa mostra que em 2016, foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (Sinan), 113 casos, em Mato Grosso do Sul, quase 13 vezes menos, que os 1.458 notificados à polícia e contabilizados pelo FBSP.

Mas se o Estado, conforme o Atlas, tem altas taxas de violência contra a mulher, quando analisados os dados de homicídios de um modo geral, os indicadores estão entre os menores do país.

O levantamento aponta que em 2016 a taxa de homicídios por 100 mil habitantes em Mato Grosso do Sul foi de 25,0. Foi a quinta menor do país no ano. Abaixo apenas a de São Paulo, 10,9; Santa Catarina, 14,2; Piauí, 21,8 e Minas Gerais, 22,4. Entretanto, quando comparada com a ano anterior, 2015, que foi de 23,9, o aumento foi de 4,6% . Já frente a 2006, que era de 29,7, a redução foi de 15,8%.

O Atlas destaca ainda que foram registrados em Mato Grosso do Sul em 2016, 671 homicídios, 5,8% a mais que os 634, de 2015. Dos assassinatos de 2016, 326 foram cometidos com o uso de armas de fogo, o que representa 48,6%.

A pesquisa mostra que o estado há dois anos contabilizou a terceira menor taxa de homicídios de jovens, entre 15 e 29 anos, entre todas as unidades da federação. O indicador registrado em Mato Grosso do Sul foi de 40,6 por 100 mil habitantes, acima apenas de Santa Catarina, com 27,2 e São Paulo, com 19,0.

Nesta faixa etária o número total de homicídios registrado em 2016 no estado foi de 274, 3,8% acima dos 264, de 2015.

Mato Grosso do Sul também teve a sexta menor taxa de homicídio de negros do país. Conforme o Atlas, 28,6 por 100 mil habitantes em 2016.

A pesquisa também revela divergências e aponta subnotificação nos dados de mortes decorrentes de intervenções policiais do FBSP e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.

Pelas informações do FBSP, 26 pessoas morreram em Mato Grosso do Sul em 2016 em decorrência de intervenções policiais, já com base em informações do SIM esse número cai para 18.

Levando em conta somente os dados do SIM, o Estado foi no ano o sétimo em número de mortes nessa situação. Quantidades maiores foram registradas somente no Rio de Janeiro, 538; Bahia, 364; São Paulo, 254; Paraná, 88; Rio Grande do Sul, 37 e Santa Catarina, 20.