“Através dessa exposição, buscamos retratar a imagem do preso e buscar sua ressocialização. Aquela pessoa que está no regime fechado e vai pro semiaberto, que ela possa buscar uma nova vida e realmente se ressocializar, se possível, com esse ofício que oportunizamos a eles dentro do presídio, dar luz ao que eles fazem dentro do presídio.”

Palavras do Juiz de Direito do Fórum de Aquidauana, Giuliano Máximo Martins e idealizador da exposição, composta por artesanatos confeccionados por detentos que cumprem pena nos presídios de regimes fechado e semiaberto da comarca. Na noite desta segunda-feira (10) aconteceu a cerimônia de lançamento com a presença de diversas autoridades locais.

Ainda segundo o magistrado, a ideia é aproximar esses detentos da sociedade, através de peças que foram confeccionadas dentro do presídio. “Sim, eles cometeram crimes, mas que possam sair do regime fechado de uma outra maneira, com um novo olhar, mudar de vida e até mesmo que o artesanato seja uma fonte de renda”, reforçou.

Belíssimas peças confeccionadas com palitos de picolé, folhas de papel, linhas de crochês, que vão desde réplicas de avião, helicópteros, carros, tapetes, peças em MDF, porta-jóias, vasos decorativos e até quadros podem ser encontrados no saguão do Fórum. De acordo com o Juiz, a exposição valoriza o trabalho artístico manual, feito por pessoas que estão com a liberdade cerceada enquanto quitam sua dívida com a sociedade.

“O trabalho realizado pelos presos, seja artístico, em contratação por empresas parceiras ou aprendendo um novo ofício, é uma mudança de pensamento tanto do interno quanto da sociedade, para que se concretize o objetivo maior de todo projeto, que é a ressocialização do interno”, disse.

Esta não é a primeira vez que uma exposição é realizada. Em agosto de 2016, os reeducandos também mostraram suas peças artesanais e, naquela edição, tudo foi inspirado na obra do poeta Manoel de Barros.  Dessa vez, a homenagem é para Clarice Ferreira Lima, da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Aquidauana, que faleceu em julho, com 82 anos, vítima de pneumonia. Clarice tinha um trabalho social junto aos detentos e, muitas vezes, acompanhou o juízo da Execução Penal em visitas aos locais de detenção.

“Uma bondosa alma, de forte personalidade que olhava incessantemente pelos menos favorecidos, os que estão encarcerados pela justiça humana. Comparecia semanalmente ao estabelecimento semiaberto de Aquidauana para transmitir o evangelho e também escutar. Uma árdua tarefa, nem sempre compreendida pelos demais. Também visitava o regime fechado e se preocupava com a alimentação dos presos, conversava com eles e com os agentes e conseguiu a instalação de uma linda biblioteca no local, denominada ‘Bom Pastor’, diversas pessoas fizeram doações de livros, que tem grande significado para os presos”, contou o magistrado.

De 10 a 28 de setembro, a exposição ficará à disposição da população no saguão do Fórum de Aquidauana. As peças podem ser compradas e o dinheiro das vendas uma parte vai para o detento que confeccionou e a outra será utilizada na compra de mais materiais, para que o ofício continue dentro dos presídios.

O evento é uma iniciativa da Vara Criminal de Aquidauana, com o envolvimento dos juízes Giuliano Máximo Martins, Juliano Duailibi Baungart e Juliano Luiz Pereira, objetivando mostrar à sociedade local os resultados de projetos desenvolvidos com os reeducandos.

Fotos: Wilson de Carvalho