A Câmara Municipal de Campo Grande foi palco de evento em homenagem ao dia do Perito Papiloscopista – 5 de fevereiro – na noite da última segunda-feira (4), em Campo Grande. O evento, organizado pelo sindicato que representa os profissionais, apresentou novas tecnologias para elucidação de crimes e palestras sobre a relevância da profissão.

O encontro serviu como pedido para que a perícia papiloscópica seja incluída no quadro das perícias oficiais forenses. Também foi manifestado o desejo de unir as categorias de perito criminal e perito papiloscopista. No estado são 171 profissionais, mas em um cenário ideal, contaria com 330, de acordo com Márcio Paroba, coordenador da Divisão do Instituto de Identificação de Mato Grosso do Sul.

”Nos últimos anos do setor no estado tem sido de bastante avanço em informatização dos trabalhos. O estado faz parte de um dos nove que tem banco de dados completo para identificar vítimas e/ou autores de crimes”, explicou Paroba ao jornal Top Mídia News.

Além da confecção do registro geral, Márcio explica que há outras atribuições, como a perícia de crimes em que o cadáver não é identificado, trazendo alívio às famílias, retratos falados e as coletas de digital para o banco de dados estar sempre atualizado.

Além do vídeo apresentado aos convidados e das homenagens, houve palestras com o senador João Costa Ribeiro Filho (PSL/TO), do perito papiloscopista de MS, Ricardo Werk, do  perito papiloscopista do estado do Espírito Santo, Tadeu Nicoletti Ferreira, e dos advogados criminalistas Cesar Maksoud e Lucas Navarro.

A profissão de Perito Papiloscopista é desconhecida pela maioria da população, desconhecendo até mesmo a nomenclatura e confundindo as atribuições. Mas a carreira é de extrema importância para a sociedade, desde a confecção de uma carteira de identidade, coletas de digitais em locais de crimes, até a elaboração de retratos falados e a identificação de cadáveres.

Perícia Papiloscópica em Aquidauana

O município de Aquidauana conta com os peritos papiloscopistas lotados no Núcleo Regional de Aquidauana, Erika Gehre Dantas Torres, Giselia Subtil Maldonado, Roberto Loureiro Junior e Weverton Maciel de Queiroz. Em nossa região, casos importantes foram solucionados graças ao trabalho e empenho destes policiais. Resultados muitas vezes não divulgados por motivo de segurança.

Dois peritos já atuaram na Força Nacional. Weverton entrou para a Força em novembro de 2016, onde ficou à disposição do Governo Federal, atuando na perícia no Estado do Rio Grande do Sul. Já Giselia foi uma dos 9 mil profissionais convocados pela Força Nacional, para garantir a segurança dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Gisa, como é conhecida, também foi convidada a ir para São Paulo ministrar aulas para Policiais Militares, integrantes da Força.

A perita também se destacou na região norte do Brasil.  No início de 2017, Giselia foi enviada à Aracaju (SE) para realizar um diagnóstico da perícia criminal daquele Estado, com o objetivo de dar início ao Plano Nacional de Segurança Pública de Combate a Homicídio, do Ministério da Justiça. Posteriormente, foi mobilizada para atuar em Natal (RN), considerada uma das capitais mais violentas do país.

Em Natal, atuou em parceria com os peritos do Sergipe, prestando apoio técnico operacional, confecção de laudos de demandas reprimidas e confecção de laudos de perícias requisitados diariamente, desta forma, a Papiloscopista Giselia pôde auxiliar o Instituto Técnico Científico (ITEP-RN) a atingir as metas e diretrizes operacionais e administrativas traçadas pela gestão.

Gisa também tem desenvolve um trabalho específico, uma especialização em necropapiloscopia, que é a identificação de “cadáveres especiais”, termo utilizado pois são corpos que estão em condições de grande dificuldade de fazer a coleta das impressões digitais, estão avançado estado de putrefação, como por exemplo, carbonizados e afogamentos, uma técnica mais apurada dentro das atribuições dos peritos, exigindo mais dedicação para realizar esse tipo de perícia.

Um exemplo foi a tragédia que assolou a cidade de Porto Murtinho em 2014, onde ocorreu um desastre com o barco-hotel “Sonho do Pantanal”, embarcação paraguaia que naufragou após uma tempestade, seguida de rajadas de ventos de até 92 km/h. O barco era ocupado por 27 pessoas. Foram 14 mortes, sendo 11 brasileiros e 3 paraguaios. Gisa ficou dez dias no município trabalhando com as vítimas do acidente.

A perita também se destaca na técnica do retrato falado, já que ela e outro perito são os únicos em Mato Grosso do Sul que possuem a capacitação adquirida no Instituto Nacional de Identificação em Brasília. “Trabalhamos para fins de inquérito policial e judicial, mas o mais importante é a resposta para a família, pois ela quer se despedir, dar o último adeus”, disse a profissional.