O empoderamento feminino é um termo que vem ganhando visibilidade nos últimos anos. Se antes as mulheres não tinham espaço para demonstrar seu total valor, hoje elas já provaram que podem atuar em áreas que eram dominadas pelos homens. Mesmo com o assunto em alta, no entanto, não é difícil encontrar ainda ambientes tradicionais e conservadores, onde existem barreiras com relação à liberdade de escolha das mulheres.

Um dos principais argumentos dos mais conservadores, que ainda defendem a discriminação das mulheres, é que elas são biologicamente diferentes dos homens e não possuem as mesmas habilidades que eles. Se, por um lado, as diferenças biológicas são inegáveis, por outro, os reflexos disso em termos de habilidades e competências é altamente questionável. Um exemplo disso é Laura Vooght, 30 anos.

O tempo em que algumas profissões eram definidas para serem exercidas de acordo com o gênero de cada pessoa, está passando… a passos lentos, mas está. Os chamados serviços pesados, que antes eram coisa de homem, agora são de mulher também.  A campo-grandense, atualmente morando em Aquidauana, é nada mais nada menos que técnica em ar condicionado, isso mesmo! Ela instala e desinstala o aparelho, faz limpeza, vistoria, conserto, manutenção…

Ela conta que mora no Portal do Pantanal há quatro anos e por dois trabalhou em um supermercado, mas não estava feliz com o que fazia. “Queria trabalhar pra mim, se dona do meu próprio negócio, ter uma renda melhor”, contou. Foi aí que Laura resolveu arriscar. Tomou gosto pelo ofício e agora é uma das mais requisitadas para o serviço na região.

E a aposta deu certo! Atualmente a técnica mora em um bairro bem localizado de Aquidauana, comprou carro, tem funcionários e consegue dar uma vida confortável para seus filhos. Mas Laura não para. Está sempre se aprimorando e reciclando na área. Ela conta que na maioria dos cursos que faz fora de Mato Grosso do Sul, é a única mulher. Um exemplo foi um treinamento da Linha Inverter, com duzentos inscritos de todo o Brasil, Laura foi a única mulher a participar, fora outras capacitações

A jovem empreendedora ainda pontuou que em nosso Estado ela é a única profissional mulher da área técnica e apenas 2% de mão-de-obra feminina atua no Brasil. Segundo ela foram dados levantados pela equipe do Portal Web Ar Condicionado. Mas nem tudo “são flores”, a profissional já passou por saias justas, como uma situação que considerou constrangedora. Mesmo o cliente entrando em contato e sabendo que ela era a técnica, na hora do serviço, acabou constrangendo Laura e sua funcionária, na época.

“Ele e a esposa ficavam nos rodeando, falando que não íamos dar conta, foi muito chato. Minha funcionária na época ficou bem nervosa com a situação, eles não botaram fé no nosso trabalho, até chamou um outro colega que ficou super indignado com a situação. Eu estava acabada por dentro, mas fui profissional e fiz meu trabalho. No final, o homem se desculpou com a gente, mas isso ficou marcado”, relatou.

Apesar das adversidades, Laura diz que trata todos os clientes com atenção e carinho, porque ama o que faz e investe em continuar se especializando nisso. “Sinto-me incentivada, quero crescer no setor e seguir me profissionalizando no ramo do ar condicionado”.

Empoderar o gênero feminino significa superar falsas diferenças enraizadas na sociedade, e que por muito tempo não foram questionadas. Essa abertura dá margem para que outros questionamentos surjam, e para que a sociedade se torne cada vez mais igualitária como um todo. O caminho a ser trilhado ainda é longo, antes que possamos afirmar que a igualdade entre homens e mulheres de fato existe, mas aos poucos o empoderamento feminino irá transformando a realidade com exemplos como da técnica Laura.