As chuvas são consideradas fator de extrema importância para o cumprimento dos prazos de execução de um empreendimento. E para lidar com elas não há segredo, é preciso planejamento.
“Ações preventivas ajudam a evitar que o andamento da obra seja prejudicado e a garantir que os imóveis sejam entregues no prazo”, diz Thiago Leomil, gerente de desenvolvimento de operações e tecnologias da Gafisa. Ele explica que a empresa evita que entre os meses de dezembro e fevereiro as obras estejam nas fases de terraplenagem, fundação e fachada, devido às históricas chuvas de verão na região Sudeste.
Algumas atividades, como contenção e impermeabilização externa, são impossíveis de serem realizadas com chuva. “Se o período de chuvas durar um mês, o atraso é de um mês no serviço”, explica a gerente de planejamento da construtora MBigucci, Amanda Montouto. “Já as chuvas com vento podem atrasar ainda mais a obra, por afetarem serviços como fixação de balancins e estabilidade de alvenarias recém-executadas”, completa o diretor técnico da construtora, Milton Bigucci Junior.­
Uma adequação de equipe, para reduzir o atraso, às vezes é necessária e exige também um replanejamento do cronograma físico e da avaliação da produtividade de mão de obra. “É indicado sempre haver um plano de recuperação pré-estabelecido para possíveis desvios de prazo”, diz Leomil.
Veja a seguir, os entraves que a chuva implica nos diversos serviços realizados na obra e como o planejamento pode ajudar a evitar atrasos no cronograma:
Preparação do terreno
Atividades mais comuns: escavações, aterros, terraplenagem; execução de estacas de concreto moldadas no local, cravação de estacas metálicas e pré-moldadas de concreto.
Problemas: chuvas moderadas e fortes que impeçam os equipamentos de exercerem suas funções ou coloquem os profissionais envolvidos em risco, podem paralisar esses serviços. Até mesmo simples garoas, se prolongadas, podem afetar a fase de terraplenagem, já que a remoção de terra fica impedida de ser realizada.
Solução: como nessa fase inicial é muito complicado remanejar o equipamento ou mão de obra para outras atividades, a solução é planejar com cuidado para que essa etapa não ocorra em períodos chuvosos. O planejamento de início de obras em períodos de chuvas menos intensas é essencial para que todas as atividades sejam executadas dentro de seus respectivos prazos.
Estrutura e alvenaria
Atividades mais comuns: corte e dobra de aço estrutural; confecção e montagem de fôrmas de vigas e pilares; concretagem; levantamento da alvenaria externa; levantamento da alvenaria interna.
Problemas: as chuvas podem atrapalhar, e muito, essa fase. No caso da concretagem, o concreto tende a perder resistência quando água é adicionada fora da especificação. Além disso, o fluxo intenso de água pode ameaçar a segurança da operação. Em relação à alvenaria externa, as chuvas atrapalham a execução, pois a argamassa de assentamento perde a consistência e resistência. Nas obras em alvenaria estrutural, não é possível executar paredes externas ou internas sob chuva forte.
Solução: é preciso verificar constantemente a previsão do tempo ao agendar as datas de concretagem. Nas obras em alvenaria estrutural, nos dias em que a previsão do tempo indicar chuva, o ideal é que a equipe seja remanejada para outras tarefas, como para a execução de alvenaria de vedação nos pavimentos inferiores. No caso da equipe de estrutura, os carpinteiros acabam se envolvendo com desenformas e melhorando as proteções de segurança da obra. Já os armadores podem adiantar a montagem de vigas e pilares para depois enviarem as peças aos próximos pavimentos que terão execução de estrutura. No caso da alvenaria estrutural, é possível remanejar a equipe para execução de alvenaria de vedação nos pavimentos inferiores, por exemplo.
Instalações prediais e caixilhos
Atividades mais comuns: instalação de janelas e portas; instalação de fios e cabos; execução de tubulações hidráulicas e pontos de consumo.
Problemas: esses serviços também são afetados pelas chuvas, mas em menor escala, pois geralmente são executados em áreas já cobertas. Apenas quando houver execução de hidráulica e elétrica em área externa, eles não poderão ser feitos por conta das chuvas.
Solução: para proteger as obras das chuvas é importante antecipar o máximo possível a colocação dos caixilhos em obra, a execução dos telhados e, também, a conclusão das prumadas de hidráulica. Mas também é preciso ter cuidado com a sequência planejada para as atividades. Para instalar as esquadrias externas, por exemplo, é necessário que a fachada tenha seu revestimento externo concluído.