O Comitê Olímpico Internacional (COI) disse que irá investigar uma possível corrupção na escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Nesta sexta-feira, o jornal francês Le Monde publicou uma reportagem na qual afirma que diversas propinas foram pagas a pessoas envolvidas na eleição realizada em 2009.

Entre os principais nomes envolvidos estão Lamine Diack, ex-presidente da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF) e o filho Papa Diack. Papa teria recebido US$ 1,5 milhão (R$ 4,73 milhões na cotação atual) em propinas. O apontado por repassar o dinheiro é Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como o “Rei Arthur”, é investigado na “Operação Calicute”, operação que é um braço da Lava Jato no Rio de Janeiro e que levou à prisão do ex-governador Sérgio Cabral.

Outro que teria se beneficiado é Frankie Fredericks. O ex-corredor da Namíbia foi um dos escrutinadores do Comitê Olímpico Internacional em Copenhague, local da eleição.

“O COI já está ciente das sérias alegações feitas pelo jornal francês Le Monde com respeito à votação para escolher a cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O COI é parte interessada (Partie Civile) nos processos  em andamento na Justiça Francesa contra o ex-presidente da IAAF Sr. Lamine Diack e o seu filho Papa Massata Diack, então consultor de marketing da IAAF. O COI segue totalmente comprometido em esclarecer esta situação, trabalhando em cooperação com o promotor, Esta cooperação já levou ao afastamento de Lamine Diack. Ele, que era membro honorário do COI, não exerce nenhuma função desde 2015. O COI entrará em contato com a as autoridades judiciais francesas novamente para receber informações nas quais o artigo do Le Monde parece estar baseado”, afirmou ao UOL Esporte por e-mail, Mark Adams, porta-voz do COI.

O órgão informou ainda que Frankie Fredericks já se reportou ao Comitê de Érica da Entidade para esclarecer os pagamentos que recebeu. Ele não nega ter recebido a verba.

Com documentos fornecidos por autoridades fiscais dos Estados Unidos, os investigadores franceses descobriram que Papa Diack transferiu US$ 299.300 (R$ 943 mil) para uma companhia offshore chamada Yemli Limited no dia da eleição para a sede olímpica.  Esta empresa, segundo o Le Monde, tem ligação com Frankie Fredericks.

“De acordo com o Sr. Fredericks, o pagamento alegado foi feito pela Pamodzi Sports Consulting, que era administrada por Papa Massata Diack em conexão com o desenvolvimento de propriedades esportivas e promoção de eventos em conexão com o programa de Marketing da Iaaf. O Sr. Fredericks tinha um contrato de marketing com a Pamodzi Sports Consulting válido entre 2007 e 2011. Ele os apresentou ao Comitê de Ética ontem”, explicou Mark Adams.

“Imediatamente após o link ser feito entre este pagamento e a votação para cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o Sr. Fredericks se reportou ao Comitê de Ética do COI, que agora está seguindo todo o caso para esclarecer esta questão. O Sr. Fredericks  explicou a situação e enfatizou a sua inocência. O COI confia que ele irá trazer todos os elementos para provar isso”, completou Adams.

Procurado pelo UOL Esporte, Mario Andrada, diretor de comunicação do Comitê Rio-2016, afirmou que Arthur César de Menezes Soares Filho não tinha nenhuma relação com o órgão. “Ele tinha ligação com o Governo do Estado e nunca participou de nenhuma reunião do Comitê e nunca foi convidado para nenhum evento. Ele, inclusive, não estava em Copenhague no dia da eleição”.

Ele também reforçou a versão dada para o Le Monde sobre a lisura do processo eleitoral.

“A suspeita da investigação francesa recai sobre seis membros do COI e isso não muda pois ganhamos com uma larga margem de votos. A investigação não é sobre a Rio-2016 e sim sobre Lamine e Papa Diack. Temos 100% de certeza que a eleição foi limpa”. (Uol)