O ocaso do jornal impresso, que já pôs fim a publicações, forçou migrações para plataforma online e tem poucos sobreviventes – reflete o avanço da internet. Na Capital, em média, a redução na tiragem é de 20%. Conforme o IVC (Instituto Verificador de Comunicação), o Correio do Estado, maior jornal do Estado, que tinha tiragem de 11.834 exemplares em 2015 reduziu para 9.466 no mês de fevereiro de 2017.

Nesta terça-feira (4), um dos sócios do jornal citado, Antonio João Hugo Rodrigues, postou em seu perfil no Facebook sobre demissão de 15 profissionais. “Hoje o Correio do Estado termina o dia com 15 jornalistas a menos. Muito triste”, afirmou.

O Campo Grande News conversou com o jornalista Mauricio Pinto Hugo, 67 anos, que viu circular pela última vez esta semana, o suplemento rural que editava no Correio do Estado. Ao todo, foram 39 anos de atuação no segmento impresso. “De 20 anos para cá, com a chegada da internet, todos os jornais impressos do mundo, revistas e livros passaram a perder leitores. Eu considero que quem tem menos de 40 anos não lê impresso. E os que tem mais de 40 anos estão sumindo”, afirmou.

Dos tempos sem internet, avalia que a atividade jornalística era, no mínimo, mais divertida. “O repórter vivia na rua, caçando noticia. A gente saía sem pauta. Era uma forma diferente de trabalhar, a reportagem era muito mais praticada. Tinha que ter muitas fontes, do mendigo até o governador. Conhecíamos todo mundo”, rememora.

Ele destaca que a versão impressa tem maior custo do que na internet. “Nem se compara ao custo do jornal impresso. A tinta é caríssima, o papel importado é caro. A manutenção das máquinas rotativas. A rotativa que era uma grande conquista está ameaçada de virar sucata”, afirma Maurício.

O site de notícias também visitou duas bancas em Campo Grande. O desempenho da venda dos jornais impressos chamou a atenção na banca de Vanildo de Oliveira. “A venda de jornal e revista caiu assustadoramente”, contou à reportagem. Também no Centro da Capital, a banca de Dejimar Costa Melo acumulava os 15 jornais diários que recebeu para venda na segunda-feira (03). “Antes, não sobrava nada”, afirma. Agora, a tendência é empilhar os impressos e esperar o recolhe, realizado uma vez por semana. Com a pouca venda de jornais e revistas, ele conta que a banca vive mesmo é de recarga para celular e vale-transporte.

O JNE Diário também sentiu os reflexos da era digital. Antes era distribuído todos os dias, agora passou para a periodicidade semanal e está dando enfoque para a versão online. A versão impressa não é vendida e sim distribuída na região. “Estamos acompanhando a tendência do mercado”, resumiu Daniele Silva, diretora do jornal.