Deputados estaduais se manifestaram, durante a sessão plenária desta terça-feira (23/5), e contestaram as afirmações do empresário Joesley Batista e do diretor de Relações Institucionais do Grupo JBS, Ricardo Saud, que detalharam, mediante delação, suposto esquema de distribuição de propinas a políticos de todo o Brasil. Lidio Lopes (PEN) foi o primeiro a subir à tribuna para prestar esclarecimentos.

“Em 2014 era permitido doação de pessoa jurídica. Eu tenho em mãos a prestação de contas para provar que recebi R$ 25 mil em doações da coligação. Eu não recebi propina alguma ou pagamento dissimulado de ninguém. Tudo está oficialmente e legalmente declarado. Eu não sabia que o partido tinha recebido da JBS, eu nem sei quem é esse cidadão da JBS, nunca me prestei a votar nada que beneficie a JBS. Que culpa nós temos?”, questionou o deputado.

Eduardo Rocha (PMDB) concordou. “Não conheço e nunca recebi nenhum dos irmãos. Nunca recebi doação das indústrias deles em Três Lagoas. Eles que fugiram para os Estados Unidos. Vamos levar isso para a Justiça. Fica aqui nossa indignação”, ressaltou.
O deputado Renato Câmara (PMDB) explicou que também recebeu doação via fundo partidário. “Existe esse fundo, em que você sai candidato e recebe um recurso que, vai para a chapa majoritária e depois é repassada para o candidato lá do interior, que usa para pagar material de campanha. Temos que ter cuidado de colocar nossas reputações, que estamos trabalhando por décadas. Eu não admito jogá-la assim na lama. Quem tiver culpa que esclareça e quem não esclarecer que seja condenado, mas não com especulações”, disse. Também com recurso recebido via chapa majoritária, o deputado Marcio Fernandes (PMDB) disse que sua prestação de contas está aprovada. “Na época da eleição eu estive na chapa de partido aliado ao PMDB e recebi recurso da majoritária, um cheque de R$ 25 mil. Prestei contas, que foi aprovada pelo Tribunal Eleitoral, nunca soube que era recurso doado pela JBS”, disse.

Para Mara Caseiro (PSDB), a situação está deturpada. “Querem deturpar as coisas. Colocar nosso nome para ser explorado injustamente e ilegalmente. Se em 2014 era permitido receber essas doações, não tem nada de errado nisso. Usamos esse dinheiro para material de campanha e pagar colaboradores, tudo legalmente”, afirmou. Antonieta Amorim (PMDB) falou que os deputados discursaram de forma a “esclarecer os fatos e não em defender, pois não foi infringida a lei”. “Nossas contas foram aprovadas e nenhum processo paira sobre nós quanto a isso. A sociedade que está sendo manipulada por uma imprensa e por um Judiciário que não nos dá a possibilidade de defesa”.

Satisfação ao MS

Zé Teixeira (DEM) levou à tribuna da Casa de Leis diversos documentos e detalhou ganhos e operações financeiras particulares, como produtor rural. “Tenho escritório de compra e venda de bois em Dourados há 33 anos, compro e vendo para vários frigoríficos e, entre eles a JBS, e fiz questão de vir aqui e dar uma satisfação, não com palavras, mas com documentos, à sociedade sul-mato-grossense”, disse o deputado, que relembrou a trajetória de seis mandatos no Legislativo estadual.

Ele apresentou os extratos da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), detalhou operações de compra e venda realizadas em 2015 e 2016, com apresentação de guias de recolhimentos de impostos, bem como os extratos do Imposto de Renda (IR) e informou que é proprietário atualmente de 7.096 mil cabeças de gado. “Sou responsável pelo embarque e a sanidade da porteira para dentro das minhas fazendas, mas da porteira para fora é problema deles”, reiterou.

O deputado lembrou que não há denúncia formal e nem mesmo provas contra ele, e alertou para a onda de denuncismo proveniente de delações premiadas. “Isso não pode ficar impune, porque existe apenas delato e muitas contradições e estão jogando lama no País inteiro, mas eu não devo nada a ninguém, nunca recebi dinheiro da JBS e abro as prestações de contas de todos meus mandados a todos que quiserem ver”, disse. “Eles [JBS] começaram do nada e fizeram a maior fortuna com dinheiro do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], enriqueceram de forma fraudulenta e com apoio de autoridades”, complementou.

Zé Teixeira defendeu a concessão de incentivos fiscais às empresas, o que contribui com o desenvolvimento econômico dos estados, e ressaltou a importância da criação da Comissão Especial para apurar a “atribuição ao chefe do Executivo Estadual a concessão de benefícios fiscais em troca de possível recebimento de propina, na quantia de R$ 45.631.696,03, que caracteriza conduta atentatória a probidade administrativa”.

 

JNE com Assessoria AL/MS

Fotos: Victor Chileno – AL/MS