Essa foi uma semana atípica na Lagoa Maior, um dos principais cartões postais de Três Lagoas, pois a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agronegócio (SEMEA), por meio de uma ação voluntária dos técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Pantanal), realizou a captura de três dos possíveis 15 jacarés-de-papo-amarelo que habitam o local, devido ao risco que representavam à população, principal para as crianças e adultos que insistiam em se aproximar dos répteis.

Com apoio e reconhecimento da Companhia Energética de São Paulo (CESP), Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), Ministério Público (MP) e maioria dos membros da Câmara de Vereadores, a ação se concentrou na captura e retirada dos três maiores espécimes, sendo que o primeiro a ser capturado mede 2,44 metros e quase 80 quilos; o segundo, 2,25 metros e 45 quilos e o último, 2,70 metros e pouco mais de 80 quilos.

Segundo o secretário de Meio Ambiente e Agronegócio, Celso Yamaguti, a remoção foi uma decisão difícil, porém necessária, para evitar acidentes com crianças e animais de estimação, além de proteger os próprios jacarés. “Temíamos pela segurança da população, principalmente de crianças e animais de estimação que usam o local como ponto de lazer. Agora ficaram apenas os de menor porte que, apesar de serem menos preocupantes, ainda assim representam risco caso a população não respeite o espaço deles”, enfatizou.

O secretário apela ainda para que a população se conscientize e respeite as placas de advertência que há ao redor da lagoa, informando da presença de animais selvagens, da proibição de alimenta-los, entre outros alertas. “Se não fosse a atitude inconsequente de algumas pessoas que se aproximavam e, até mesmo, puxavam a cauda do animal, não seria necessária a retirada ou qualquer outra ação, pois estariam respeitando o espaço dele e isso seria o suficiente para evitar acidentes”, comentou Celso.

Como foi dito anteriormente, a ação é reconhecida e apoiada pela Companhia Energética de São Paulo (CESP), Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), Ministério Público (MP) e maioria dos membros da Câmara de Vereadores.

Além disso, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) emitiu uma autorização ambiental para que a Prefeitura consiga fazer a retirada dos animais com ajuda da Embrapa Pantanal, sendo que a equipe que executou o serviço é comandada pela Doutora e Pesquisadora Zilca Maria da Silva Campos, que tem a licença SISBIO.

Outro ponto, é que a Doutora Zilca conta com uma equipe qualificada para o manejo desses animais, sendo que a pesquisadora já comandou mais de 6.000 capturas de jacarés sem nenhum tipo de acidente e é referência mundial quando se trata no manejo de jacarés e crocodilos.

Conforme o fiscal ambiental e biólogo da SEMEA, Flávio Fardin, há a segurança do poder público em relação à necessidade da retirada desses três espécimes devido à aprovação da Doutora Zilca. “Se até ela concordou em, voluntariamente, vir à Três Lagoas e realizar a retirada, é porque ela também visualizou o risco que a permanência desses animais representava à população e para a integridade do próprio animal que, constantemente, era cercado e até mesmo, tocado e puxado por populares”, enfatizou.

Os três jacarés-de-papo-amarelo foram levados pela equipe da Embrapa Pantanal, fiscais ambientais e técnicos da SEMEA, para a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Cisalpina que fica na cidade de Brasilândia e trata-se da área de confluência dos rios Verde e Paraná.

Outra característica do local é uma extensa várzea inundada periodicamente na época das chuvas, com um complexo sistema de lagoas, córregos e canais interligados entre si e ao canal do rio Paraná. Seus 6.261,75 hectares formam um ambiente fluvial de situação fundiária totalmente regularizada, além de estar com todos seus limites cercados, contar com fiscalização ostensiva e ser local de pesquisa de diversas instituições, inclusive a Embrapa Pantanal.

Mais que isso, segundo Flávio Fardin, o local além de ser amplo, é constantemente monitorado pela CESP, que executa o plano de manejo do local, conta com vigilância e monitoramento constante. “Outro ponto positivo, é que essa espécie já ocorre nesse local, ou seja, o ambiente é propício para a sobrevivência e desenvolvimento deles”, explicou.

A Doutora e Pesquisadora Zilca explica que cada animal foi medido, pesados e recebeu, assim como os outros que habitam a reserva, uma tarjeta de identificação e um rádio localizador, tecnologia essa que permite que a Embrapa os localize e analise o seu comportamento dentro da Reserva para fins de compor pesquisas da instituição.

O trabalho dos técnicos da Embrapa Pantanal foi de forma voluntária, devido à longa negociação feita pela SEMEA por meio do secretário Celso Yamaguti e do fiscal Flávio Fardin, cabendo à Prefeitura apenas arcar com a estadia da equipe da Embrapa, que custou R$ 1.491,10 os quatro dias e, da alimentação deles e dos técnicos da SEMEA que acompanharam e deram segurança ao processo de captura, ao custo de R$ 936,00, também pelos quatro dias.

Capivaras – Celso Yamaguti explica que as capivaras do local também receberão uma atenção especial em um futuro próximo. No momento, a SEMEA está realizando a contagem dessa espécie, sendo que no último senso mensal foram contabilizados 160 animais (120 adultos e 40 filhotes).

“Como não vamos retirar todos os jacarés, ainda terá um controle natural das capivaras, mesmo sabendo que, mesmo com a presença deles a população de capivara vinha crescendo, ou seja, os jacarés não são os responsáveis diretos pelo controle de natalidade dessa população”, disse Celso.

No entanto, o secretário deixou claro que a Prefeitura entende a necessidade de visualizar essa situação também, porém, assim como foi feito com a retirada dos jacarés, essa ação será pautada pela legalidade e de maneira que não prejudique o desenvolvimento da espécie, principalmente para onde for levada.

Em relação ao cercamento da Lagoa Maior, o secretário afirma que será analisado com cuidado, pois pode não ser a melhor opção, haja vista que se esse método for aplicado na parte interna da pista de caminhada os locais de pastagem ficarão extremamente reduzidos e se o mesmo for feito na parte externa na lagoa, não protege os animais de ter contato direto com a população que frequenta o local.