A tecnologia de internet móvel 5G está já próxima de ser comercialmente lançada. O novo padrão foi aprovado em junho deste ano e promete uma revolução em termos de velocidade, latência e densidade da rede. Contudo, 180 cientista de 35 países, entre eles o Brasil, se mostram preocupados sobre as consequências desta tecnologia para a saúde humana.

O grupo enviou, em setembro de 2017, uma petição para que o padrão não fosse aprovado de forma tão rápida neste ano. Isso por que o 5G trabalha com ondas eletromagnéticas chamadas de milimétricas. Apesar de ter uma velocidade muito maior que os sistemas antigos, este tipo de onda não consegue “caminhar” por longas distâncias. Isso, de acordo com a petição, aumenta consideravelmente a exposição das pessoas a campos de radiofrequência eletromagnética.

Com isso, cientistas acreditam que tal exposição pode ter consequências ainda não testadas a longo prazo. “Efeitos incluem aumento do risco de câncer, estresse celular, aumento de radicais livres prejudiciais, danos genéticos, mudanças estruturais e funcionais do sistema reprodutor, déficit de aprendizado e memória, desordens neurológicas, e impactos negativos no bem-estar geral dos humanos”, alerta o documento assinado pelo professor Lennart Hardell, do departamento de oncologia da Faculdade de Medicina e Saúde de Örebro na Suécia.

Ele ainda cita que a Agency for Research on Cancer (IARC), braço para estudos de câncer da Organização Mundial da Saúde, constatou em 2011 que frequências entre 30 kHz e 300 kHz podem ser cancerígenas a humanos em caso de alta exposição.

O documento ainda aponta que os padrões atuais de saúde relacionados a este tema estão “obsoletos” e “protegem a indústria, não a saúde”. Isso porque as diretrizes atuais partem do princípio de que o único efeito da exposição de tais ondas é somente o aquecimento do tecido exposto a elas.

Com isso, a proposta do grupo é de que a União Europeia favoreça iniciativas para internet com fio, no lugar de padrões que usem o espectro eletromagnético. Ao menos, para a implantação do 5G, que a região possa tomar providências para segurar a expansão do 5G até que cientistas possam comprovar que a tecnologia não é prejudicial ao ser humano, ao decretar níveis em que esta exposição não seria prejudicial.

O documento leva a assinatura de quatro pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Federal de Campina Grande.