A operação contra a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que cumpriu ordem de prisão contra interno da PED (Penitenciária Estadual de Dourados), mirou o setor de contabilidade da organização criminosa. A busca foi pelos “resumos do financeiro e da rifa”, responsáveis pela arrecadação. A operação Cravada, coordenada pela PF (Polícia Federal) do Paraná, resultou no bloqueio de 418 contas, com suspeita de movimentar até R$ 1 milhão por mês.

“Quando se fala em organização criminosa, existem vários setores. Esse diz respeito ao que é gasto para sustentar a sua estrutura de rede em volta das cadeias, além de compra de droga e arma, que acontece o tempo todo, não para”, afirma o delegado Martin Bottaro Purper, coordenador da operação Cravada. A entrevista coletiva foi realizada na manhã desta terça-feira (dia 6) na Superintendência da PF no Paraná.

Conforme o delegado, as planilhas apreendidas deixam claro que os responsáveis pela contabilidade têm conhecimento em matemática. “Montaram planilhas bem interessantes”, diz. A arrecadação é no modelo pirâmide, em que a atividade criminal da base “sustenta” os líderes, que ocupam o topo.

“Consiste basicamente em arrecadar valores dos comparsas através de rifas [mensalidade], cobrada de dois em dois meses. Sai da base e chega aos principais líderes. O dinheiro é administrado em prol dos líderes. Quem está abaixo contribui sem retribuição razoável”.

Nessa rede de apoio, são pagos auxílio funeral, ajuda de custo, aquisição de celulares nos presídios. Por mês, o gasto com visitantes nas penitenciárias federais é de R$ 311 mil.  Em junho, a PF de Campo Grande fez operação em seis casas de apoio à facção, sendo uma com aluguel de R$ 5 mil.

Débitos no pagamento da mensalidade, com valor diferenciado por Estado, são punidos com espancamento ou a dívida é paga com crimes. Na semana passada, em Campo Grande, um jovem foi morto no Tribunal do Crime por dever R$ 2 mil para a facção criminosa.

Teia de contas – Na estratégia de fazer o dinheiro circular sem chamar atenção de órgãos de controle, como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a investigação identificou 418 contas bancárias utilizadas de forma intercalada. Cada uma era usada por até quatro meses. Para driblar as interceptações telefônicas, as contas eram citadas por meio de códigos.

Fonte: Campo Grande News