A manhã desta quinta-feira (08.08) foi de aprendizado para cerca de 90 profissionais da Rede Estadual de Ensino (REE), que marcaram presença no Centro de Formação Mariluce Bittar, em Campo Grande. Durante quatro horas de atividades e trocas de experiências, eles puderam conhecer um pouco mais sobre as diversas questões que envolvem a saúde mental de crianças e adolescentes no ambiente escolar.

A ação, promovida pela Secretaria de Estado de Educação (SED), por intermédio da Coordenadoria de Psicologia Educacional (Coped), reuniu professores, coordenadores e gestores escolares, que tiveram contato com procedimentos que podem ser adotados para identificar situações que caracterizem a depressão e o comportamento autolesivo.

Entre os pontos abordados pela equipe da SED, um dos destaques ficou para a empatia e o acolhimento, que devem fazer parte da rotina da escola. A psicóloga Paola Nogueira Lopes, responsável pela Coped, iniciou a apresentação destacando os resultados das escolas acolhedoras. “Vou fazer aqui um elogio. Recebemos relatos de estudantes que participam do Projeto de Vida e um deles me emocionou. ‘Eles me aceitam do jeito que eu sou, eles me acolhem’. Isso não é apenas sobre os professores, mas também falaram das merendeiras, dos porteiros. Os estudantes sentem esse acolhimento”, disse Paola Nogueira Lopes, coordenadora da Coped.

A disciplina de Projeto de Vida, uma das marcas do Programa Escola da Autoria, que trabalha com a oferta do Ensino em Tempo Integral na REE, contou com uma representante em meio aos demais profissionais. Carolina Moraes Lima, professora na EE Amélio de Carvalho Baís, em Campo Grande, que também dá aulas de Matemática e de Estudo Orientado na escola, destacou a importância da recepção dos estudantes nas unidades responsáveis por trabalhar com essa proposta.

“Antes da Escola da Autoria, nós já tínhamos um certo olhar, um cuidado. Hoje, no terceiro ano desse modelo, consigo identificar com mais facilidade um estudante que está um pouco mais triste e, assim, é possível envolver e acolher com maior facilidade, por consequência desse acompanhamento já realizado na escola. Eu sei que faço a diferença na vida desse menino, dessa menina, e é isso que me motiva cada vez mais, pela educação”, declarou Carolina.

Com uma série de formações realizadas desde o início da semana, ministradas por profissionais da SED que trabalharam para abordar diferentes competências junto aos professores, desta vez, o diálogo se tornou específico, com foco voltado para situações mais delicadas.

“Achei interessante uma reportagem que falava o seguinte: um em cada três adolescentes no país sofrem de Transtornos Mentais Comuns. E o que é isso? Tristeza frequente, dificuldade para se concentrar na hora de dormir, falta de disposição, entre outros sintomas. Isso nós chamamos de Transtornos Mentais Comuns e a grande dificuldade que os médicos e especialistas encontram é que, com esses sintomas, não significa necessariamente um quadro – ou diagnóstico – de depressão, mas isso assusta. 30% é muita gente”, comentou Paola Nogueira Lopes.

Na sequência da palestra, foram apresentados sintomas de autolesão e as orientações sobre como proceder em casos de violência e outras violações de direitos. No final da manhã, as psicólogas Bruna de Oliveira e Valquíria Rédua, que também fazem parte da equipe da SED, falaram sobre a Rede de Atendimento, protocolos e instrumentos à disposição das unidades escolares. Por fim, foram explicados, também, como são feitos os encaminhamentos para órgãos como o Conselho Tutelar.

Pela primeira vez em formação com essa temática, o professor de História, Fernando Blini, da EE Eduardo Batista Amorim, de Ribas do Rio Pardo, salientou que a formação é fundamental para que os profissionais saibam como agir em sala de aula. “Quando esse tipo de situação ocorre, e o professor não sabe como proceder, o estudante se afasta. Em algumas situações, nós ficamos sem saber como lidar mesmo, são casos delicados e que exigem atenção. É ótimo participar desse tipo de formação pois, assim, temos mais conhecimento sobre o assunto. No retorno à sala de aula, meu convívio com os estudantes certamente vai melhorar bastante”, destacou Fernando.

Entre os objetivos da formação, estava a necessidade de levar o conhecimento detalhado aos profissionais nas escolas. Para a professora Carolina, a missão foi cumprida. “Eu não sabia que havia uma Rede de Atendimento tão ampla e como a preocupação dos profissionais que aqui estão é tão grande quanto a nossa. Agora [após a formação] eu sei os nomes, como a autolesão. Me sinto mais preparada para enfrentar essas situações”, concluiu.

Publicado por: Vinícius Espíndola