Fórum de Aquidauana

A mãe da menina de 3 anos, que foi torturada em um ritual de cura, em uma aldeia de Aquidauana, saiu da prisão e vai responder ao processo em liberdade, segundo informações da Polícia Civil

Testemunhas e o médico que atendeu a criança começam a ser ouvidos nesta segunda-feira (11) para confrontar os depoimentos com o da mãe da menina, que irá ser ouvida em um depoimento especial. A mãe da menina acabou presa depois de levar a filha para um ritual de cura. Ela afirmou que a filha estava com problemas intestinais, e por isso, a levou para uma curandeira.

De acordo com a Polícia Civil, mãe só procurou o hospital por causa das queimaduras na perna da menina. Ela disse que passou pomada nos machucados e que havia dado paracetamol para a criança, que estava muito machucada. Foi descartado conjunção carnal em resultado de laudo depois que a criança passou por exames, mas que será investigado ainda se a menina pode ter sido abusada.

O crime

A Delegacia de Atendimento à Mulher de Aquidauana (que também trata de casos que envolvem crianças e adolescentes) foi acionada pelo Conselho Tutelar, após uma menina indígena de 3 anos ser atendida pelo médico da Sesai e encaminhada para o Hospital Regional de Aquidauana, com lesão no ânus. A suspeita até então era de abuso sexual, onde para esconder um suposto ritual indígena, a mãe da menina disse que esta era abusada pelo padrasto.

Mas ao passar por atendimento na Unidade Hospitalar, a criança foi encaminhada ao médico-cirurgião, onde foi levada ao centro cirúrgico para retirada de caroços de acerola. Segundo relato da mãe, a paciente estava aproximadamente 10 dias sem evacuar. Por apresentar profusão (lesão) retal e dores, o Conselho Tutelar foi acionado para encaminhamentos legais, onde o padrasto da criança acabou detido e conduzido para a Delegacia de Polícia, porém negou o cometimento de qualquer abuso sexual contra o sua enteada.

Os conselheiros e policiais constataram que devido a constipação intestinal, a menina havia passado por um tipo de “ritual” antes de ser encaminhada para atendimento médico, onde até palito de unha foi introduzido no ânus da criança, além de dedo para retirar fezes. O JNE recebeu a informação de que até em tijolo quente a menina teve que sentar.

Questionada, a mãe da criança apresentou várias contradições e finalmente informou que mentiu, ao imputar o abuso sexual ao seu companheiro. Esta mãe foi presa em flagrante pelo delito de tortura com aumento de pena por ter sido cometida contra criança em ato que durou cerca de um dia e uma noite. Demais envolvidos serão intimados para prestar depoimento sobre os fatos.

Após passar por cirurgia, a menina foi encaminhada para internação em outro Hospital do município, o Funrural, para cuidados com pediatra, onde permanece hospitalizada até a última sexta-feira, 08.

*Com informações do Midiamax e JNE