Denúncias foram feitas na Delegacia da Mulher em Aquidauana.

Mais uma denúncia de estupro contra o professor e dirigente partidário, Florêncio Garcia Escobar, 55 anos, foi registrada na Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM), de Aquidauana, na última quinta-feira, 07 de janeiro. A vítima, hoje com 38 anos, após ter conhecimento de que duas irmãs haviam denunciado o professor pelo mesmo crime, a fez reviver o que passou há 24 anos atrás, tomou coragem e na presença de um advogado procurou a Polícia Civil.

A mulher relatou à reportagem do JNE , onde esta também enviou a cópia do boletim de ocorrência, que na época tinha contato com o professor, já que o seu pai e ele eram do mesmo grupo de amigos, frequentemente participavam de festas, churrascos entre as famílias. Quando tinha aproximadamente 15 anos, a vítima relata que começou a ser assediada pelo acusado e nessas reuniões, quando ela afastava, ele ia atrás e ficava se insinuando e se esfregando na mulher. As perseguições, segundo a denunciante, começaram a ficar mais intensas, onde até se masturbava em sua frente. A vítima acabava ficando em silêncio sobre os fatos por medo e pelo professor ser “influente” na cidade.

Florêncio costuma realizar excursões para a praia desde os anos 90, e em janeiro de 1998 a vítima foi com sua família para Guarapari/ES, mas temendo pelos assédios do professor, pediu para o pai que levasse uma prima, para não ficar sozinha, se sentindo mais segura. Porém, no local, acabou esquecendo o protetor solar na casa de veraneio, próximo a praia que todos estavam e foi até a casa para buscar o produto. No imóvel, foi abordada pelo professor, que foi atrás dela, onde este disse que ela “não iria escapar dele”, e obrigou a jovem a manter relação sexual com ele. Após o ato, o acusado tomou um banho e saiu normalmente, deixando a vítima em choque.

Sem reação alguma, a mulher conta que se sentiu suja, muito suja, tomou um banho e quando tentou sair da casa, viu que Florêncio havia trancado o imóvel. Ela estranhou que ninguém foi até o local procurar por ela e, no final da tarde quando todos retornaram a residência, ela ainda foi repreendida pelo pai, pois Florêncio havia “armado uma situação” e contado a ele que trancou a filha dele, pois ela havia “aprontado”. A vítima ainda tentou argumentar, mas viu que o pai estava convencido pelas palavras de Florêncio.

Mesmo após o ato, o professor não se intimidou e coagia a vítima, dizendo a ela que não adiantaria ela contar o ocorrido, pois ninguém iria acreditar nela, que o pai dela não acreditaria nela e sim nele e que seria a palavra dela contra a dele. Ainda assim ele continuou a assediando, sem receio algum de punição.

A vítima ficou tão traumatizada e sufocada pelos assédios de Florêncio que, em meados de 1998 arrumou um namorado e em pouco tempo foi morar com ele, com o intuito de sair da casa dos pais e evitar o contato com o professor. Segundo a mulher, as investidas do acusado acabaram após o casamento. Ela ressalta que nunca havia contado nada disso para ninguém, já que, só quem passa por isso sabe o tormento que é lidar com esses abusadores, e que a denúncia de duas irmãs acusando Florêncio de abuso a encorajou a procurar a polícia.

No caso desta vítima, pelo ano do ocorrido, o crime já prescreveu, mas segundo a delegada titular da DAM, Joilce Ramos, é importante para reforçar as outras denúncias e encorajar mais vítimas. O depoimento foi anexado ao inquérito policial.

Professor já é acusado estuprar afilhada dos 8 aos 12 anos

O caso foi descoberto no início de dezembro de 2020, quando a vítima, atualmente com 18 anos, teve uma crise de pânico ao ver o suspeito, em um jantar. Os crimes vieram à tona quando a vítima, que hoje mora em Campo Grande, foi passar um final de semana na casa da mãe, em Aquidauana. Lá, ela voltou a encontrar o criminoso que também é amigo de confiança e de longa data da família. Ela teve uma crise de pânico e a amiga dela resolveu contar o segredo para a mãe.

Segundo as denúncias, os abusos começaram quando ela tinha 8 anos. Em razão dos ataques, a vítima sofreu depressão, teve crises e tentou suicídio por várias vezes. Nessas ocasiões, diz ela, quem a levava para o hospital era justamente Florêncio, tamanha a confiança que a família depositava nele.

A garota abusada detalhou que chegou a se masculinizar, na tentativa que o abusador perdesse o desejo por ela, mas isso não teria adiantado. A irmã da vítima, que tem 15 anos, também revelou ter sido abusada. O caso chegou à Delegacia da Mulher em Aquidauana, onde o caso segue em segredo de Justiça, porém o JNE teve conhecimento que as vítimas já passaram por atendimento psicológico e exames físicos, onde estes laudos já foram anexados ao inquérito e a investigação segue a todo vapor.