Segundo o geneticista Renan Pedra, professor de genética da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a capacidade de transmissão da variante Delta é maior até mesmo entre pessoas vacinadas contra a covid-19.

“Vamos pegar como exemplo a Inglaterra, que já estava com a cobertura vacinal bem grande, mas viram que mesmo assim as pessoas estão se infectando. As vacinas continuam protegendo contra os casos graves, mas parece que a variante Delta aumenta a chance de que a infecção seja bem sucedida”, explica Pedra.

Conforme o Portal R7, núltima semana, o Reino Unido, onde a cepa já é dominante, registrou o maior número de novos casos de covid-19 dos últimos seis meses e um aumento de 53,2% nas internações, mesmo com mais de 52% da população vacinada com às duas doses.

A Pfizer já planeja propor uma dose de reforço da sua vacina anticovid para aumentar a proteção contra a variante Delta.

O diretor científico da farmacêutica, Mikael Dolsten, afirmou que a queda na eficácia da vacina, de 95% para 64%, recentemente relatada em Israel, se deu principalmente em pessoas que foram vacinadas em janeiro ou fevereiro deste ano.

O geneticista ressalta, ainda, a importância da testagem em massa e da necessidade de análise dessas amostras no Brasil, para que novas variantes sejam descobertas e contidas antes que se espalhem em uma transmissão comunitária.

“Senão só vamos descobrir que a variante está circulando quando ela já atingiu um nível extremamente alto e aí, porventura, tiver mudando o perfil, ou alguma característica clínica da covid-19”, afirma.

“Se testando tão pouco como fazemos, já encontramos, então pode ser que a situação esteja um pouco maior. Deveríamos fazer, de uma maneira bem coordenada, grandes projetos de vigilância genômica para encontrar onde é que estão esses focos e conseguir mensurar exatamente qual é o tamanho deles, porque com certeza tem mais por aí”, diz o professor.

Até o momento, os testes comuns de covid-19, como o PCR ou o sorológico, não são capazes de identificar qual variante do coronavírus infectou a pessoa testada, seja a Delta ou qualquer outra.

Para isto, é necessário que a amostra do teste passe por um processo de sequenciamento do material genético do vírus, conforme explica o geneticista Renan Pedra.

“Depois fazemos uma análise computacional para comparar a sequência que encontramos com as sequências que já estão disponíveis no mundo. Se ela bater exatamente com alguma, teremos a variante tal, se não bater com nada, aí é uma variante nova”, explica.

Segundo o especialista, também não é possível identificar a variante Delta por meio dos sintomas.

“Identificar a variante não faz parte do diagnóstico, porque não tem uma conduta clínica que vai acontecer de maneira diferente dependendo da variante que você tiver. Então, dentro do serviço de saúde, não houve organização para oferecer esse exame propriamente dito”, afirma.

Fonte: TopMídiaNews