O major da reserva da Polícia Militar de MS, Adão Cavaglieri, preso no dia 12 de junho em que completava 59 anos, após desacatar, xingar e ameaçar colegas de patentes inferiores que apuravam denúncia de desrespeito às medidas restritivas contra propagação da Covid-19, na cidade de Miranda, ganhou a liberdade no dia 20 de julho, após passar mais de um mês “guardado”, por desrespeitar, humilhar colegas de farda e o trabalho policial. No dia 14 de junho, dois dias após sua prisão em flagrante, ele havia passado por audiência de custódia e teve a prisão decretada pelo juiz Alexandre Antunes da Silva.

O dia do ocorrido

“Eu sou coronel da Polícia Militar, você é só um soldado de bosta, seu vagabundo”. A frase foi dita pelo major da reserva Adão, preso enquanto comemorava o aniversário em casa, na cidade de Miranda com aglomeração e som alto. Ao ser orientado para encerrar a festa, o major ameaçou trocar tiros com os colegas de farda

Conforme o auto de prisão em flagrante, a Polícia  Militar foi acionada pelo chefe da Vigilância Sanitária do município informando que havia recebido denúncia de festa particular na casa de um major, com aglomeração e som alto que era ouvido de longe, desrespeitando o decreto estadual vigente.

No local, a equipe foi recebida pelo PM e a esposa dele. Os dois estavam sem máscara de proteção. Indagado, Adão confirmou que fazia festa em sua casa com aproximadamente 20 pessoas e ninguém entraria no imóvel sem mandado. Os policiais, então, disseram que apenas estavam ali para orientá-lo. Foi quando, segundo o registro policial, o major ficou exaltado com a guarnição em frente ao imóvel e passou a dizer que era “coronel”. “Eu sou um coronel e você é só um soldado de bosta, seu vagabundo”.

Depois da frase, o major entrou na casa e a equipe policial continuou no local aguardando a vigilância sanitária terminar de confeccionar os documentos de autuação. Foi quando, de acordo com o auto de prisão, Adão voltou questionando o porquê o PM estava com uma arma calibre 12 em frente à casa dele. “Eu sou um coronel da PM. Isso é um desrespeito, seu filho da puta. Vai tomar no c…”, segundo relatos dos policiais que atenderam a ocorrência.

Os PMs então entraram em contato com o oficial do dia em Aquidauana para auxiliá-los na ocorrência. Enquanto isso, conforme o documento, o major foi até o seu carro estacionado na rua, pegou sua arma e virou em direção à guarnição dizendo: “Agora eu também estou armado, se chegar no meu portão eu vou meter bala, porque eu tô louco”.

Os militares, então, receberam ordem para sair de frente da casa do major, pois outra equipe com o comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar, que na época era o Coronel Nedson, seguia para a cidade. Quando os policiais chegaram, os militares retornaram ao local e o comandante deu voz de prisão a Adão, que não reagiu e entregou a arma com 11 munições.

Conforme o auto de prisão em flagrante, Adão se reservou ao direito de se manter calado, não respondendo a nenhum dos questionamentos sobre o assunto. Ele  foi levado para o Presídio Militar de Campo Grande, passou por audiência de custódia na Justiça e teve a prisão decretada pelo juiz Alexandre Antunes da Silva. O major foi autuado por desacato, ameaça e por infringir medida sanitária preventiva.