Em tempo de selfie, autógrafo em papel é história

79

A ascensão das selfies, um dos grandes fenômenos virtuais de 2014 acabou sepultando um dos gestos que antes simbolizava a relação entre fãs e ídolos: o pedido de autógrafo. A nova geração talvez nem saiba o que seja a assinatura do seu cantor ou artista preferido eternizada em um pedaço de papel, já que o válido hoje é aquela tão suada foto conquistada para postar nas redes sociais.

Na era digital, parece que o costume de guardar autógrafos dos ídolos está chegando ao fim. Mas não é o caso da moradora de Anastácio, a fotógrafa e jornalista Arumí Figueiredo, 31 anos, como herança dos tempos de infância, ela guarda com muito carinho dois autógrafos de seu ídolo: o violeiro sul-mato-grossense Almir Sater.

“Aprendi a admirar o trabalho dele acompanhando a paixão da minha mãe pelas músicas e a carreira do Almir e consegui as assinaturas em dois eventos que tiveram a participação do violeiro aqui na minha cidade”, contou.

A primeira oportunidade foi em 1994, quando Arumí tinha apenas 8 anos. Ela conseguiu driblar os seguranças e conhecer de pertinho o ídolo. A emoção foi tanta que ela colou o papel com o autógrafo em seu diário. Já em 2002 surgiu outro show, mas a fotógrafa já tinha 17 anos e colocou na cabeça que gostaria de aprender a tocar viola com o violeiro mais famoso do Brasil.

“Fiquei esperando o momento de chegar até ele, não tinha nenhum bloquinho, caderno, nada. Achei um papel no chão e quando eu consegui, pedi outro autógrafo e também aulas de viola, queria aprender a toca com ele, era vidrada na maneira como ele conduzia e conduz o instrumento, mas ele achou graça do pedido e disse que se tivesse tempo me ensinaria”, relembrou.

Mas a jovem teve a oportunidade de mostrar ao ídolo que guarda os registros até hoje. Almir Sater esteve em Aquidauana, para um show em comemoração aos 125 anos da Padroeira da cidade, e recebeu Arumi com muito muito carinho e relembrou com ela momentos tão importantes na vida de um fã.

Adivinha: nesse encontro não teve autógrafo e sim uma selfie, que a jornalista exibiu toda faceira em suas redes sociais, com direito a muitas curtidas. Será que realmente a assinatura de um ídolo caiu no esquecimento? Depois da criação das câmeras digitais na década de 70, imortalizar os momentos especiais ficaram mais fáceis e acessíveis a todos e o surgimento dos celulares e posteriormente com as câmeras integradas aos aparelhos, a era “selfie” virou uma febre.