Redação
O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) resistiu à transferência para o presídio de Bangu, na noite desta quinta-feira (17). Imagens divulgadas pela TV Globo mostram Garotinho deitado numa maca do Hospital Souza Aguiar, no centro, e relutando para entrar na ambulância. Ele levanta o tronco e é contido por um enfermeiro. Garotinho chega a chutar o funcionário para não ser colocado no veículo. Sua mulher, Rosinha Garotinho, prefeita no município de Campos, no Norte Fluminense, e sua filha Clarissa Garotinho, deputada federal, aparecem à porta da ambulância tentando evitar a transferência.
O juiz Glauce Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, em Campos, determinou nesta noite a transferência imediata dele para o presídio Frederico Marques, no complexo penitenciário de Bangu. Às 21h45, um oficial de Justiça e policiais federais estavam no Hospital Souza Aguiar para iniciar o traslado, segundo o advogado dele, Fernando Fernandes. O juiz eleitoral, que na quarta-feira havia determinado a prisão de Garotinho sob acusação de comprar votos, escreveu na decisão desta quinta que tomou conhecimento de que o ex-governador “está recebendo diversas regalias no Hospital Souza Aguiar”. Garotinho foi transferido para a unidade de saúde às 18h15 de quarta-feira, após reclamar de crise hipertensiva enquanto aguardava, na sede da PF (Polícia Federal) no Rio, transferência para a PF em Campos.
“Nenhum preso tem direito a qualquer regalia ou tratamento diferenciado, seja em unidade prisional ou hospitalar, situação que a par de ferir a isonomia constitucional constitui, em tese, crime para quem presta a referida regalia. Mostra-se imperioso fazer cessar quaisquer regalias que o réu possa estar recebendo”, escreveu o juiz na decisão desta quinta. Ao determinar a transferência para Bangu, Oliveira afirma que “o referido complexo penitenciário é provido de uma Unidade de Pronto Atendimento e pode realizar o tratamento adequado”. No presídio Frederico Marques, o ex-governador deve ser submetido à dessensibilização, procedimento preparatório para outro exame, que será feito em um hospital público em data a ser agendada.
“Realizada a dessensibilização, o custodiado deve ser encaminhado ao Hospital Aloysio de Castro para que lá seja internado com objetivo de realizar o exame descrito. Com o resultado do exame, poderá ser proferida nova decisão decidindo o local onde o réu ficará custodiado”, determinou o juiz. Aloysio de Castro é o nome oficial do Instituto Estadual de Cardiologia, situado no Humaitá (zona sul do Rio). O advogado de Garotinho criticou o juiz pela ordem de transferência, feita, segundo ele, sem autorização dos médicos: “É lastimável um juiz ultrapassar protocolos médicos e usar a força para retirar um paciente de um hospital. Jamais se viu decisão tão prepotente, arbitrária e desumana”, afirmou.