Marido que ateou fogo no rosto de esposa diz que teve surto

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O acusado de ter ateado fogo em Adriele de Fátima Soares Silva, de 27 anos, está preso na Delegacia de Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) desde a tarde desta terça-feira, 12 de dezembro. Gílson Ferreira da Silva, de 39 anos, disse ter atacado a mulher em um momento fúria. Ele será indiciado por tentativa de feminicídio, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Conforme a delegada Ariene Nazareth Murad, da Deam, o mandado de prisão foi expedido ontem mesmo, ele se apresentou espontaneamente na 4ª Delegacia de Polícia, nas Moreninhas. Nesta quarta-feira, 13 de dezembro, ele encarou a imprensa e quase chorou.

Em depoimento, o autor disse que após cometer o crime se escondeu em uma mata e depois foi para a casa da mãe até se entregar. Gílson contou que ele e a esposa estão casados há cerca de 2 anos e que quando tudo aconteceu, eles estavam consumindo drogas (pasta base de cocaína) e bebidas alcoólicas.

Após a droga acabar, a vítima queria mais, então ela teria pedido para o marido vender uma garrafa de vinagre e um vidro de pimenta para comprar mais entorpecentes, mas no depoimento, Gílson informa que se recusou a vender os alimentos.

Em relação ao fogo, o autor contou que teve um surto e que quando se deu por si, Adriele já estava em chamas. “Ele diz que surtou e que quando se deu por si ela já estava em chamas. Ele ainda fala que a ama muito e ficava perguntando como ela estava”, conta a delegada.

A gasolina usada para atear fogo na vítima era de uma máquina de cortar grama que o autor tinha nos fundos da residência, e também de um tambor onde havia mais gasolina. Uma testemunha contou que ouviu a vítima sair da casa gritando. “Ele quer me matar, eu acordei e já estava pegando fogo”.

A delegada Ariene Nazareth acredita que Gílson usou de recursos que impossibilitou a defesa da vítima. “A polícia tem 10 dias para concluir o inquérito policial e o Ministério Público tem cinco dias para se manifestar sobre o caso. Essa testemunha chave do casal já foi ouvida. Gílson segue preso preventivamente.

Adriele de Fátima segue internada no CTI da Santa Casa de Campo Grande com vários ferimentos.

Feminícidio  – Casos de feminícidio diminuíram tanto em Mato Grosso do Sul como na Capital em relação ao ano de 2016. De acordo com a delegada, este ano registrou-se em Campo Grande seis casos e 19 de feminicidio tentado. “É um numero menor se comparado ao ano de 2016, que foi de sete feminicidio confirmados e 38 de feminicidio tentado”, disse a delegada.

No Estado, este ano foram 16 feminicidio confirmados, e 51 tentativas de feminícidio, e no ano passado foram 24 casos confirmados, e 107 tentativas. “Essa grande diminuição que tivemos acredito que foi em relação intensificação nas campanhas de violência contra a mulher.”

Foto: Marco Matielo