O juiz titular da 1ª Vara do Tribunal do Juri Carlos Alberto Garcete de Almeida solicitou, no prazo de cinco dias, novos laudos complementares sobre a morte do jovem Wesner Moreira da Silva, que faleceu após ter sido agredido com uma mangueira de ar em um lava jato em Campo Grande, crime praticado em 3 de fevereiro deste ano.

A solicitação do magistrado foi feita após a última audiência de instrução do caso realizada nesta segunda-feira, 30 de novembro, no Fórum da Capital. Desta vez, foram ouvidos os réus Willian Henrique Larrea, 31, e Thiago Giovani Demarco Sena, 20 anos. Ambos insistiram que não tiveram a intenção de ferir ou matar Wesner, pois estavam apenas brincando.

Segundo a denúncia, no dia 3 de fevereiro Wesner foi agredido no lava jato de propriedade de Thiago. Em seus depoimentos, tanto Thiago quanto o funcionário Willian afirmaram que o ato foi uma brincadeira e que não tinham consciência da gravidade que poderiam causar na vítima.

Conforme a denúncia, durante o expediente a vítima pediu para o proprietário comprar um refrigerante para que eles consumissem a bebida, quando Thiago começou uma brincadeira e em determinado momento a vítima fugiu, quando Willian. teria levado Wesner até o proprietário do lava jato, o qual teria introduzido uma mangueira de ar comprido no ânus da vítima e injetado ar. Imediatamente a vítima passou mal e vomitou.

Ainda conforme a acusação, a vítima foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento, onde foi socorrida e, posteriormente, transferido para a Santa Casa, onde passou por procedimentos cirúrgicos. Por fim, não resistiu aos ferimentos e faleceu em 14 de fevereiro.

Para o Ministério Público, os réus tinham conhecimento do grau de letalidade do equipamento e agiram com dolo eventual, quando, embora não se tenha a intenção de matar, assumem o risco de que isto possa acontecer em virtude da ação praticada.

No interrogatório, os réus rebateram a denúncia, sustentando que não teriam abaixado o calção da vítima e nem introduzido no ânus, mas sim apenas aproximado a mangueira por cima do short de Wesner. Eles também rebateram a tese da acusação de que teriam segurado a vítima por um longo período com o equipamento ligado, narrando que foi por apenas alguns segundos.

Após receber os laudos complementares, o juiz abrirá prazo para as alegações finais. Na primeira audiência foram ouvidos os familiares da vítima, entre eles a mãe de Wesner, o irmão, dois primos e uma prima da mãe. Além deles, prestaram depoimento uma assistente social, que atendeu o adolescente quando ele recebeu os primeiros socorros na UPA, e um técnico em enfermagem, que também teve contato com a vítima.

Foto: Marco Matielo