A mãe de uma das crianças, vítima de suposto abuso sexual por parte de um assistente pedagógico de 45 anos, em um Centro Municipal de Alfabetização em Aquidauana, está perplexa com o julgamento de uma parte da população sobre o caso. Segundo ela, para muitos, os relatos de três crianças sobre a conduta do professor são colocados em dúvida.

“O fato dele ser bastante conhecido e até então querido, não o exime de cometer algum crime, não está escrito na testa de ninguém sobre a índole ou caráter. Dói na alma da gente, saber que tem pessoas que duvidam dos depoimentos dos meninos. São crianças de 4 anos, estão falando que é perseguição política. Perseguição de quem? de três meninos que não sabem ler e escrever ainda? É muito revoltante saber que tem gente que acha que manipulamos essas crianças. Por que faríamos isso? Não o conheço, não tenho intenção nenhuma em prejudica-lo, esses meninos não tem malícia para inventar algo tão grave como isso”, disse a mãe de 27 anos, que terá sua identidade preservada, em entrevista ao JNE.

A jovem enalteceu o empenho e cuidado da polícia com o caso e ao lidar com as crianças. “O delegado e os policiais nos deram todo o amparo, nos atenderam da melhor forma e pelo fato dos relatos ter fundamento, foi pedida a prisão preventiva dele e a Justiça acatou, então por que a desconfiança por parte da população?”, questionou a mãe.

A mãe relatou à reportagem toda a situação, desde os primeiros sinais até o caso vir a tona, o que já foi noticiado pelo jornal e pela mídia. Segundo ela, no início profissionais do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), deram todo o apoio a família, mas quando o fato virou caso de polícia, o filho recebeu alta. A jovem contesta a nota pública da prefeitura, onde afirmam que todo apoio está sendo dado.

“Única coisa que ouvi foi que ‘estavam à disposição’, mas nunca pisaram o pé na minha casa para saber como meu filho está e oferecer alguma ajuda. Atendimento psicológico estou tendo que pagar particular, porque não vou deixa-lo nesse momento tão difícil sem ajuda profissional. Graças ao nosso apoio e o trabalho psicológico, aos poucos ele está voltando ao normal, se assim podemos classificar, agora apoio da prefeitura nenhum. Não fizeram mais que obrigação afasta-lo e instaurar processo administrativo, isso não é mérito algum”, disse indignada.

A investigação aponta que o fato teria ocorrido quando as crianças iam ao banheiro sozinhas. Elas foram encaminhadas ao Instituto de Medicina Legal. A jovem agora espera por Justiça e que o assistente pedagógico não seja solto e volte a conviver em sociedade.

Na última sexta-feira (08) foi concluído o inquérito que apura supostos abusos sexuais por parte do servidor público contra os três meninos. Cerca de dez pessoas foram ouvidas e trouxeram novas denúncias para a investigação, como agressividade por parte do suspeito. Ele foi transferido para o presídio em Campo Grande.

“Nós ouvimos mais pessoas, entre mães, funcionários da creche e outros responsáveis. Eles nos relataram que o suspeito também agia com agressividade e aguardamos a comprovação dos fatos, principalmente sobre a conduta dele com os alunos. O inquérito policial será encaminhado ao Poder Judiciário com tudo o que foi relatado”, afirmou ao G1 o delegado Antônio Ribas Júnior, responsável pelas investigações.

A Polícia Civil não descarta a possibilidade de que apareçam novas vítimas.