A Justiça Estadual de Mato Grosso do Sul irá realizar nos dias 12, 13 e 14 de setembro, o Curso Preparatório para Apadrinhamento, para preparar novos integrantes do Projeto Padrinho e o Fórum de Aquidauana está oferecendo pela primeira vez essa preparação à população.

Através da Vara da Infância e Juventude, as crianças que sofrem abusos diversos dentro de suas famílias ou cujas famílias não possuem condições suficientes para sustentá-las, são levadas para abrigos.

Durante esse tempo, através de acompanhamento de profissionais como psicólogos, assistentes sociais e outros, estas famílias recebem cuidados e apoio para poderem, num futuro próximo, receber as suas crianças de volta, ou caso isso não seja possível, são encaminhadas para adoção e continuam no abrigo.

De acordo com o Juiz Giuliano Máximo Martins, da Comarca do Município, o projeto proporciona, por meio de voluntários, a acolhida afetiva de crianças e adolescentes, mas reforça que apadrinhar uma criança ou adolescente não é a mesma coisa que adotar.

“Quando se fala em adoção, há uma preparação para a criança ser retirada do abrigo e morar com uma nova família. O padrinho não, ele vai ajudar o menor, que a qualquer momento poderá voltar para a família. O padrinho pode ser provisório ou até mesmo pra vida toda, caso a família concorde”, explicou o magistrado.

O juiz explica que o curso é justamente para que as pessoas entendam que, mesmo criando um vínculo com a criança, não há menor possibilidade de adoção, já que o trâmite pra isso é realizado de outra maneira.

Com esse trabalho de apadrinhamento, adolescentes que se encontram em abrigos são auxiliados no processo de construção do seu plano de vida,interagindo com outras pessoas, frequentando espaços públicos, áreas de lazer em um convívio saudável, bem longe da realidade em que foi retirado.

O projeto Padrinho prevê três tipos de apadrinhamento: afetivo, quando há constituição do vínculo com a criança; o material, quando a ajuda é somente financeira às necessidades do menor; e o prestador de serviço, que são profissionais que atendem de acordo com a sua especialidade de maneira gratuita.

Uma das intenções do apadrinhamento afetivo, por exemplo, é que a criança possa conhecer como funciona a vida em família, vivenciando situações cotidianas. “Teve casos aqui em Aquidauana que crianças foram levadas à Capital para um dia no Shopping, com direito a cinema e lanche do McDonald’s. Isso para um menor que se encontrava em extrema situação de vulnerabilidade a ponto de ser retirado do convívio familiar é de muita importância para diminuir o trauma”, contou.

Um exemplo é o radialista Renato Amorim que sempre participa de ações com as crianças do abrigo em Aquidauana. Amorim contou que já promoveu pequenos eventos com a meninada e inclusive durante um tempo levou os pequenos que na época estavam abrigados para a igreja. Ele classificou esse vínculo de grande importância não só para a criança, mas também para ele, que se sentiu uma pessoa melhor com essa convivência.

O magistrado espera que o Curso tenha procura por parte da sociedade aquidauanense, já que essas crianças acabam se tornando “invisíveis” dentro dos abrigos, sem um olhar individual, um carinho especial e sequer pode pedir o seu prato favorito no almoço de domingo, por exemplo. Ele reforça que o mais importante não é o financeiro e sim o afetivo.

Projeto Padrinho – Criado em Campo Grande, em 26 junho de 2000, o Projeto Padrinho completa em 2018, 18 anos de existência, contabilizando sucessos.

Com a finalidade de proporcionar ajuda material ou afetiva às crianças e aos adolescentes com processos nas varas de infância e da juventude, os quais se encontram em situação de risco pessoal, desde sua criação, a proposta tornou-se referência nacional e atende atualmente diversas crianças e adolescentes dos vários abrigos do Mato Grosso do Sul, atingindo com efetivo atendimento 80% das crianças em situação de acolhimento.

Em 2003 o projeto foi institucionalizado pelo Tribunal de Justiça, por meio da Resolução n.º 429, e atualmente ligado à Coordenadoria da Infância e da Juventude, já foi implantado em mais de 20 comarcas no Estado, incluindo Aquidauana.

Pela proposta, crianças e adolescentes que por algum motivo não puderem conviver com suas famílias biológicas são apadrinhadas por pessoas que assumem o compromisso de ajudá-las em suas necessidades materiais e afetivas. Faça parte você também e ajude a melhor o futuro das nossas crianças e adolescentes.

“Padrinho, não importa a sua cor, posição social, religião ou preferência política. Apenas seu amor e boa vontade!”

Serviço – Interessados devem procurar o Fórum de Aquidauana para fazer o cadastro e participar do Curso