Campo Grande ganhou uma sede própria da Igreja Católica Apostólica do Brasil. Inaugurada no Bairro Vida Nova III, no último domingo (28), a instituição tem regras que diferem da Igreja Católica Romana, sendo uma das mais conhecidas a permissão para que padres possam constituir família indo contra o celibato.

Bispo Diocesano de Campo Grande, Dom Roberto Barbosa é quem está à frente da igreja que há um ano começou a ser construída e abriu as portas oficialmente durante a santa missa de domingo com a presença do bispo regional Dom Bertol e outras autoridades.

Apesar de ser a primeira sede na cidade, a igreja foi criada em 1945 por Dom Carlos Duarte Costa, que saiu da  Igreja Católica Apostólica Romana por ter uma visão diferente do Vaticano em relação a suicídio, celibato e divórcio.

A história pessoal de Roberto com a instituição começou em 2004. Ele começou como seminarista na arquidiocese de Cáceres (MT) e após a formação em filosofia e teologia pela Igreja Romana conheceu a outra instituição.

“Depois de formado contrai o matrimônio e fui convidado para ser padre da igreja brasileira pelo patriarca Dom Luiz Castillo. Ele me nomeou para vir para Campo Grande em 2006 como diácono e em 2007 fui ordenado padre. Eu atendo Tarsila do Amaral, Vida Nova e também o assentamento Estrela Campo Grande”, explica.

A mudança, conforme ele, não alterou a relação com Deus. “A fé católica não muda para a igreja brasileira. Nós temos as imagens, por exemplo, Nossa Senhora Aparecida não é patrimônio da igreja romana. Jesus também não é patrimônio, é do povo”, destaca.

“Depois de formado contrai o matrimônio e fui convidado para ser padre da igreja brasileira pelo patriarca Dom Luiz Castillo. Ele me nomeou para vir para Campo Grande em 2006 como diácono e em 2007 fui ordenado padre. Eu atendo Tarsila do Amaral, Vida Nova e também o assentamento Estrela Campo Grande”, explica.

Em relação às diferenças com a igreja romana, Don Roberto comenta que a brasileira não adota as mesmas doutrinas e têm posturas diferentes.

“Nós podemos fazer matrimônio de segunda união que a Igreja Romana não faz. Depois que faz todo o processo civil, o desquite, se a pessoa procurar a igreja fazemos o matrimônio. Nós batizamos as pessoas de mãe solteira e não temos curso porque batizamos as pessoas para salvação e não membresia, para ser membro”, afirma.

Já o celibato é encarado como uma escolha e não obrigação. “Os padres podem casar ou ficar solteiro. É opcional”, diz. No caso, Roberto é um dos sete padres casados que vivem na cidade e atuam pela instituição religiosa, sendo que todos eles são ‘ex-romanos’.

Defendendo que a igreja está mais aberta para sociedade, ele revela que a instituição é frequentemente procurada por casais. “Sou muito procurado pelas noivas porque nós fazemos matrimônios fora da igreja em clubes, chácaras, hotéis. Não temos dificuldade”, ressalta.

Outro diferencial é que a mesma é independente da romana e não vê no papa figura de autoridade máxima. O fato do Vaticano não reconhecer a Igreja Católica Apostólica do Brasil, segundo Don Roberto, também não é problema.

“Nós temos nosso próprio governo e a cada quatro anos elegemos nosso presidente da igreja nacional. Vai ter agora em junho o concílio e vamos eleger o presidente, aí tem o chanceler, secretário, procurador. A fé nacional é independente da igreja romana”, comenta.

Na visão do padre a inauguração da igreja possibilita que outras pessoas conheçam o lugar. “Toda igreja tem que ter uma sede porque a gente acolhe melhor as pessoas, conversa, explica a espiritualidade e é uma referência. Quando eu estava trabalhando nas periferias atendia no meu escritório particular e agora já trago a pessoa pra cá e ela conhece”, afirma.

Com missa prevista para todo domingo às 8h, a instituição fica localizada na Rua Antônio Olegario de Lima, quadra 03, lote 14, esquina com a Rua Maria Quitéria. O horário de funcionamento é de domingo a domingo, das 14h às 17h.

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