O vereador de Anastácio, professor Aldo (PDT) teve a fala cortada pelo presidente da Câmara Municipal, Ademir Alves (PSD). Forma autoritária do presidente na sessão ao encerrar, sem oportunidade a discussão, chamou a atenção.

A atitude do presidente do legislativo se deu durante a sessão da terça-feira (6), usando palavras impróprias para uma sessão, o parlamentar alegou que o  colega iria ‘encher linguíça’ e encerrou as atividades.

A situação aconteceu após a fala da presidente do Sitpan (Sindicato dos Trabalhadores da Prefeitura de Anastácio), Andréa Machado, a qual usou a tribuna por cinco minutos, cobrando o que de direito dos professores do município de Anastácio: retirada da regência dos salários dos professores.

Esperando atitude dos parlamentares, a sindicalista foi surpreendida quando apenas o vereador professor Aldo tentou se expressar sobre o assunto, quando então foi interrompido pelo presidente pela Casa de Leis.

“Mas vai encher linguiça aqui e não vai dizer nada”, afirmou o presidente. Por sua vez, Aldo se defendeu. “Não vou encher linguiça”, pontuou. Mesmo assim, a sessão foi encerrada pelo dirigente da Casa de Leis de Anastácio.

‘Portas fechadas’

Para Andréa a situação reflete que o Legislativo está de ‘portas fechadas’ para os servidores. “A atitude dele estava o tornando igual ao Executivo, que não recebe o sindicato. Porque há quatro anos eu estou à frente do sindicato, a gente encaminhou sobre o piso, tentamos reuniões há semanas, mas não fomos recebidos”, lembrou.

Depois da situação, a presidente do Sitpan recebeu ligação do vereador Ademir, que se desculpou e explicou que o regimento permite apenas cinco minutos de fala na Tribuna. Com a situação, o grupo realizará assembleia às 19h para poder reorganizar os próximos passos.

 

O presidente da Câmara, vereador Ademir Alves (PSD), alegou que o assunto sobre os servidores: “já estava tudo resolvido, como o vereador não participou da reunião, o assunto já estava encerrado”, afirmou.

Ademir destacou que houve “erro do financeiro” no pagamento de alguns servidores. Contudo, alegou que o prefeito “se sentiu culpado e pediu para nós [vereadores] um tempo para resolver a situação, dentro de oito a 10 dias estaria repondo o salário”.

Assim, lembrou que houve também reunião com o sindicato e por isso não haveriam motivos para manifestações após a fala na Tribuna. “O vereador ia questionar em relação ao pagamento. Só que ele não estava na reunião com a explicação, que outro vereador já tinha dado para a presidente. O prefeito já havia dito que ia pagar os ganhos perdidos”, justificou.

 

‘Para se aparecer’

O presidente pontuou que a situação se espalhou pelas redes sociais. “Na verdade essa presidente e a associação eles foram um pouco lá para se aparecer mesmo em mídias sociais, porque nós tinhamos feito uma reunião antes”, disse.

Segundo ele, os servidores “insistiram em ir na sessão”. Sobre encerrar a sessão para que não houvesse comentários do vereador Aldo, Ademir disse que “ele não ia ajudar em nada, porque já estava decidido”.

Então, relatou que o “prefeito fez uma reunião, com oito vereadores, ele disse: ‘Presidente, eu vou repor o salário perdido, e estarei colocando o piso salarial em votação na Câmara’”. Neste sentido, ele ressaltou que a situação está “ruim para Câmara e está ruim para o Executivo”.

Por isso, o Executivo “colocará em votação com a data retroativa de janeiro e pagaria os danos que eles sofreram”. O projeto de lei do piso salarial dos professores é aguardado para julho, afirmou ao Jornal Midiamax.

Por fim, o presidente da Câmara afirmou que pediu desculpas para o vereador. “Nos pedimos desculpas, ele errou também. Ela queria falar, não tinha que mais ninguém falar, ele não foi na reunião”. Apesar disso, comentou que se o colega falasse “ia instigar a presidente a falar mal de nós, a falar mal do prefeito. Então encerrei a sessão porque os ânimos já estavam altos”, finalizou.

Próxima sessão da Câmara

Para o professor Aldo (PDT), a situação “foi uma coisa bastante desagradavel”. “Eu fiquei bastante chateado com a situação. Mas eu acho que a gente supera isso, o que eu não consegui falar ontem, certamente falarei na próxima sessão”, disse.

Então, disse que a Casa de Leis perdeu um possível debate. “Ele coibiu a efetivação de um debate, um debate que seria muito importante até para entender melhor o que estava acontecendo com o sindicato”, afirmou.

Sobre a reunião que antecedeu a sessão, Aldo disse que não foi convidado. “Eu não participei dessa reunião que não haveria fala, até porque eu não concordaria. Acho um desrespeito muito grande”, pontuou.

O vereador afirmou que conversou com outros três vereadores e “eles também disseram que não participaram”. “Então que reunião foi essa, que só um pequeno grupo participou? Não fui chamado e não participei”, questionou.

Ainda que estivesse, destacou que não concordaria com “o encaminhamento de não comentar após a fala da nossa presidenta do sindicato”. Por fim, lamentou a situação. “Ficou chato né, não ficou chato para mim. Ficou chato para ele, enquanto dirigente da Câmara, tomar uma atitude daquelas”.

com Midia Max