Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita a uma fábrica de automóveis | Foto: Ricardo Stuckert/PR

As medidas anunciadas nas últimas semanas pelo governo federal têm sido tema de discussão a respeito da real efetividade apresentadas por elas e como poderiam ser responsáveis aquecer um mercado que há algum tempo não atinge o mesmo desempenho do que anos anteriores.

De acordo com o economista Alessandro Azzoni, certas decisões não ajudam a economia brasileira a destravar. “Temos o risco de ter que subir o custo para quem está comprando ou diminuir a margem de lucro de quem está produzindo ou oferecendo os serviços”, afirma ele em entrevista a Oeste.

Ainda no sentido econômico, ele aborda que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país depende, sobretudo, de fatores político. Nesse sentido, avalia que o avanço vai depender, por exemplo, da relação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com o Congresso Nacional.

1 — O governo tem anunciado uma série de pacotes econômicos para aquecer o mercado. O senhor acredita que ela terá o impacto necessário?

De uma certa forma estão surtindo efeito, mas poderiam ser aceleradas, com resultados muito melhores se houvesse uma redução da taxa básica de juros, a Selic. Porque nós temos o risco de ter que subir o custo para quem está comprando ou diminuir a margem de lucro de quem está produzindo ou oferecendo os serviços.

2 — Tentar aquecer a indústria automotiva foi uma boa ideia?

Algumas decisões da política econômica do governo têm deixado investidores mais seguro. Um dos sinais é a queda do preço do dólar — que também está diretamente ligados as decisões do governo norte-americano. Estamos vendo também que a bolsa de valores tem respondido positivamente a esses estímulos, mas há decisões que podem ser mais acertadas, já que o consumo não está alto a ponto de forçar a inflação.

3 — A taxa de juros em 13,75% é realmente um impeditivo para o crescimento da economia ou o governo não tem as ferramentas necessárias para isso acontecer?

Ao meu ver, a taxa básica de juros, a Selic, freia o crescimento econômico, porque ela fixa o custo do dinheiro. Hoje o valor da taxa está mais relacionado a manutenção das reservas internacionais dentro do nosso país do que propriamente uma política de reter consumo.

4 — A queda nos números da inflação são sinais que o governo tem conseguido dar conta das obrigações tributárias e fiscais, ou um sinal de desaceleração do consumo?

Quando você tem um cenário em que há uma grande demanda de consumo e pouca oferta, a taxa é usada para tardar essa compra e melhorar os índices. Hoje os produtos e serviços já estão com preços altos e não há tanta demanda. Essa queda é reflexo da perda do poder de compra da população.

5 — O senhor acredita que a expectativa divulgada do crescimento do PIB é possível de ser alcançada?

O crescimento do PIB dependerá das relações do presidente com o Congresso, além das relações internacionais brasileiras e o desempenho macro econômico mundial.

Fonte: Revista Oeste