Desde o dia 17 de julho, o Corpo de Bombeiros Militar de MS está em alerta para atuar em caso de incêndios florestais no Pantanal - Divulgação

Equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul atuam no combate a três incêndios florestais no Pantanal, nas regiões do Nabileque, Salobra e Paiaguás.

O trabalho com maior duração, na ilha do Nabileque, próximo a terra indígena Kadiwéu, completou oito dias nesta quarta-feira (6). O local é de difícil acesso e as equipes demoraram um dia para chegar a região.

A área em chamas é conhecida como “Carandazal”, onde as árvores frondosas contribuem para a propagação do fogo, que já consumiu aproximadamente 10 mil hectares em diferentes propriedades rurais.

As equipes atuam – especialmente durante a noite – para conter o incêndio, de grande extensão, mesmo em meio a condições climáticas que favorecem as chamas.

“Neste período de estiagem, a vegetação está muito seca. Então, quando você tem essas condições climáticas de humidade relativa baixa, temperaturas que facilmente ultrapassam os 30°C e ventos fortes de mais de 40 km/h no Pantanal, a gente tem propagação de incêndio rápida”, disse a tenente-coronel Tatiane Inoue, chefe do CPA (Centro de Proteção Ambiental) do Corpo de Bombeiros Militar de MS.

Todo o trabalho também é monitorado pelo CPA – que funciona em Campo Grande –, com imagens de satélite, além do auxílio de dados enviados do local (com uso de drones) para auxiliar no controle do fogo.

“No nosso monitoramento que funciona 24h por dia a gente acompanha os focos de calor que são detectados pelos satélites. O satélite detecta temperatura acima de 47°C na superfície da terra, que é considerado foco de calor. A cada 10 minutos, nós temos uma informação atualizada. Nós acompanhamos cada detecção e partir de cada uma investigamos em qual propriedade se localiza aquele foco de calor e fazemos contato com o proprietário para saber a situação real na área”, disse o tenente Alexandre Araújo, engenheiro ambiental especialista CPA.

Alerta

Desde o dia 17 de julho, o Corpo de Bombeiros Militar de MS está em alerta para atuar em caso de incêndios florestais no Pantanal, e também no Cerrado e Mata Atlântica, biomas presentes no Estado.

Com o alerta, publicado pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), foram suspensas as autorizações ambientais de “queima controlada”, até 31 de dezembro deste ano.

Na prática, o período é de cautela e monitoramento constante. O que possibilita a pronta atuação das equipes a postos em diferentes regiões do Estado, nas ocorrências como os três atendimentos atuais de combate a incêndios.

Outra área do Nabileque, próximo ao Forte Coimbra, também ficou em chamas – no dia 7 de julho –, e na ocasião foram usadas técnicas de combate aos incêndios florestais aliadas a tecnologia para a extinção das chamas. A linha de fogo chegou a atingir aproximadamente 4 km de extensão e só foi controlada após dois dias de trabalho.

Prevenção

O uso da tecnologia contribui para as ações de monitoramento e preservação do Pantanal e do Cerrado em Mato Grosso do Sul, no trabalho desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros no combate aos incêndios florestais.

A ação integrada do Governo do Estado para prevenir e controlar os incêndios no Pantanal e em outros biomas de Mato Grosso do Sul já surte efeito com a redução significativa de áreas queimadas.

Levantamento do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS) divulgado em abril deste ano, aponta redução de 74,7% nos focos de calor nos três biomas do Estado – Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica -, entre 2021 e 2022, passando de 9.377 para 2.368 ocorrências.

No período entre janeiro e 14 de agosto deste ano, também houve redução de 77,6% na área queimada do Pantanal em relação a 2022.

As ações de prevenção do CBM iniciadas em maio, contribuíram para que mesmo em período crítico em relação ao clima, os incêndios florestais tivessem menos impacto no bioma. As ocorrências de incêndios florestais atendidas pelo Corpo de Bombeiros tiveram redução de 15,15%, passando de 3.127 (2022) para 2.653 (2023).

“No CPA notamos essa redução da quantidade de focos de calor e atribuímos às políticas públicas, orientações passadas para a população, além das atividades de prevenção. E também as condições climáticas desse ano não são tão severas como nas últimas temporadas. Mesmo não detectando incêndios, focos ativos, o Corpo de Bombeiros, desde maio, tem deslocado guarnições para trabalhar preventivamente no Pantanal, e demais biomas do Estado. Levando orientações de brigadas de combate a incêndios florestais, educação ambiental e orientação para os proprietários, comunidades locais e ribeirinhos”, afirmou a tenente-coronel Tatiane Inoue.