Nayara foi morta em 2021, mas corpo só foi encontrado um ano depois - Arquivo pessoal

“Última vez que veio aqui, em novembro de 2021, ela tomou banho e jantou. Parece que estava até adivinhando que era a última vez. Deu um beijo na minha mão, me abraçou, pediu benção. Abraçou a avó também, que ela chamava de mãe. Essa é a lembrança que vou guardar pro resto da minha vida, a despedida.”

A fala emocionada é da tia de Nayara Maria da Silva, 27 anos, encontrada morta em uma fossa, um ano após o desaparecimento em Rio Brilhante. O crime aconteceu em 2021 e os restos mortais foram encontrados apenas em setembro de 2022. O motivo da morte seria devido a um desentendimento por causa de drogas.

Conforme divulgado pela Polícia Civil, a ossada humana foi encontrada a 1,5 metro de profundidade. O cadáver foi retirado e levado para o IML (Instituto Médico Legal) de Dourados.

Na última segunda-feira (11), a Delegacia de Polícia Civil de Rio Brilhante concluiu o inquérito do crime. Emanuel Rufino Alves foi indiciado pelo homicídio da jovem. Nayara era dependente química, mas o estado de saúde não impedia que ela avisasse a família sobre seu paradeiro. Até que um dia a notícia parou de chegar.

A tia, que não quis ser identificada, relembra como a sobrinha era e como o desaparecimento desestabilizou a família, que só teve descanso após a ossada ser enfim declarada como de Nayara.

“Como ela ligava direto, a gente não se preocupava tanto. Achamos estranho a falta de notícias e procuramos a delegacia, até então já estavam investigando. Em setembro, acharam a ossada, devido às roupas, desodorante e chinelo dela que eu dei, eu conheci. Tinha certeza. Falaram que iam fazer o exame de DNA. Eu fiz, mas não serviu, porque não sou da família biológica. Procurei o pai dela que mora em Campina Grande, na Paraíba”.

Roupas da jovem encontradas em fossa, na cidade de Rio Brilhante – Divulgação/PCMS

História

A tia criou a menina desde os primeiros anos de vida de Nayara. A mãe também compartilha do mesmo destino cruel da filha. Ela foi assassinada em Campina Grande. Na época, Nayara ainda era bebê. Sem condições de criar a criança, o meio irmão deixou que a família ficasse com ela. Após isso, a tia e a avó de Nayara se mudaram para Mato Grosso do Sul.

“Ninguém merecia um assassinato tão bruto quanto esse. Ela não teve nem direito de ter um velório digno. Todo mundo aqui na cidade gostava muito dela. Apesar do envolvimento dela com a droga, ela nunca fez mal com ninguém”, ressalta a tia sobre a morte da sobrinha.

A avó soube da morte da neta pelo rádio devido a tia de Nayara ficar com medo da notícia. A reação foi de silêncio. “Ela é acamada, já teve um AVC [Acidente Vascular Cerebral] e até então ela nem sabia do acontecido, fiquei com medo de contar. Quando deixei o rádio ligado, ela escutou. Ela ficou quietinha, então expliquei que fizemos o que pudemos por ela”.

Crime

Sobre Emanuel Rufino Alves, acusado pela morte de Nayara, a tia acrescenta que espera que a justiça seja feita e que ele fique preso por muito tempo. “Agora eu sei que a justiça vai fazer algo, porque assassino não pode ficar impune, apesar de ele já estar preso. Quero que ele pague e fique bastante preso e pague o que ele cometeu. Não desejo nem pra o pior inimigo. Enterrei só os ossos da minha sobrinha”.

Emanuel está recolhido no Estabelecimento Penal Masculino de Rio Brilhante pelo assassinato do ex-presidiário Jacson Senher Alcântara, 30. Baleado no rosto no dia 3 de dezembro de 2021. Jacson morreu nove dias depois no Hospital da Vida, em Dourados.

Local onde ossada foi encontrada em setembro de 2022 – Divulgação/PCMS

Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público no dia 12 de julho, Jacson era dependente químico e tinha dívida de droga com Emanuel. Além disso, ainda segundo a investigação, os dois viraram inimigos após descobrirem que mantinham relacionamento com a mesma mulher.

*Com informações do Campo Grande News