Marco Aurélio Bezerra Bosaja Simon, escoteiro que desapareceu aos 15 anos - Arquivo de família

Tiago Cornélio da Silva, de 38 anos, foi preso em Selvíria, no interior de Mato Grosso do Sul, por tentar fazer RG usando a certidão de nascimento de Marco Aurélio Bezerra Bosaja Simon, escoteiro de 15 anos que desapareceu há exatamente 38 anos, durante expedição ao Pico do Marins, em Piquete, interior de São Paulo. O caso ficou famoso em 1985 pela mobilização promovida pela família para encontrar o adolescente e voltou a ser comentado com o lançamento de podcast relembrando o mistério, em novembro do ano passado.

A reabertura das investigações sobre o desaparecimento aconteceu em 2021, quando o pai do garoto, o jornalista Ivo Bosaja Simon, que nunca desistiu de procurar pelo filho, apresentou novas evidências sobre o caso. Segundo ele, uma pessoa havia procurado a família e relatado que o escoteiro teria sido morto por um antigo morador da região e teve seu corpo enterrado na área que será objeto das buscas.

No dia 29 de julho de 2021, o cineasta Marcelo Mesquita acompanhou buscas pelo corpo e documentou tudo o que aconteceu num casebre localizado no Pico dos Marins. Assim se desenhou o primeiro episódio do podcast, dirigido por Ivan Mizanzuk, que ficou conhecido por outro audiodocumentário, “O Caso Evandro”.

Em novembro de 2022, também foram feita buscas por Marco Aurélio e, por mais uma coincidência, a polícia esteve novamente na área da montanha no rastro de “novas pistas” nesta segunda-feira (18).

Podcast sobre o ‘Caso Marco Aurélio’ no Spotify – Reprodução

O flagra em MS

De acordo com o boletim de ocorrência, registrado na Delegacia de Selvíria, Tiago Cornélio da Silva procurou o Núcleo de Identificação da cidade, no dia 23 de agosto, para fazer uma 2ª via de RG e apresentou a certidão de nascimento de Marco Aurélio. Foi confirmada a autenticidade do documento, feita a coleta das digitais do homem e fotos.

O perito papiloscopista relatou à polícia que o homem afirmou ser de São Paulo e estar a trabalho no interior de Mato Grosso do Sul. Disse não ter endereço e que estava morando de favor no Bairro Véstia.

No dia 13 deste mês, ele ligou para a delegacia para saber se o RG havia ficado pronto e ao acessar o sistema da Polícia Civil para verificar, o perito verificou que o documento não havia ficado pronto porque continha observação. Foi quando o servidor descobriu que aquele homem já tinha RG em outro estado em nome de Tiago Cornélio da Silva. Em busca na internet, o funcionário público descobriu a história do escoteiro Marco Aurélio.

O falsário foi preso por volta das 9h desta segunda-feira. Na delegacia, alegou que tentou se passar por outra pessoa porque não queria mais usar o nome do pai, mas, segundo a polícia, ele tem diversas passagens por estelionato.

Ainda conforme a apuração, Tiago leu sobre o “Caso Marco Aurélio” na internet e solicitou a certidão de nascimento do menino no cartório de Santa Fé do Sul (SP).

“Acredito que ele queria essa identidade nova para aplicar golpes, porque a história de tirar o sobrenome por causa do pai não faz sentido. Hoje, a legislação permite que você altere o nome, caso haja uma justificativa”, afirma o delegado Felipe Rocha.

*Com informações do Campo Grande News