Ação conjunta em MS flagrou local onde indígenas viviam em situação análoga à escravidão - MPT/Divulgação

Pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade de Harvard revelou aumento de suicídio entre jovens indígenas das regiões norte e centro-oeste, principalmente estados como Amazonas e Mato Grosso do Sul.

De acordo com a Fiocruz, foram analisadas as taxas de suicídio do banco de dados do Ministério da Saúde, entre o período de 2000 a 2020. O resultado geral mostrou índice maior em homens indígenas, com idades entre 10 e 24 anos.

“Em homens de regiões como a Centro-Oeste e Norte, essas taxas chegaram a alcançar 73,75 e 52,05 por 100 mil habitantes, em 2018 e 2017, respectivamente”, destacou um dos coautores do estudo, o epidemiologista Jesem Orellana.

O artigo intitulado “Suicídio entre povos indígenas no Brasil de 2000 a 2020: um estudo descritivo” (Suicide among Indigenous peoples in Brazil from 2000 to 2020: a descriptive study, no original em inglês)foi publicado na revista estadunidense The Lancet Regional Health – Americas.

Jesem explica que os resultados do estudo evidenciam a vulnerabilidade dos povos originários e apontam a necessidade de alocar recursos financeiros e planejar estratégias para reduzir os fatores de risco associados ao suicídio, especialmente a desigualdade social e o acesso limitado a cuidados de saúde mental.

“Precisamos encarar o suicídio indígena como um grave e invisibilizado problema de saúde pública, o qual pode ser influenciado por uma gama de peculiaridades contextuais e culturais, como conflitos territoriais, crises sanitárias, racismo estrutural, bem como questões de ordem econômica, política e psicológica“, completou.

Em nível nacional, o estudo revelou, ainda, tendência de aumento das taxas entre 2000 e 2020, tanto da população indígena brasileira, quanto da população não indígena. No entanto, esse padrão não pode ser generalizado, especialmente entre os indígenas, destacou Jesem.

“Pois estados como o do Amazonas na região norte, e Mato Grosso do Sul, na região centro-oeste, parecem ser os responsáveis pelas substanciais diferenças que se observa ao se comparar dados nacionais entre indígenas e não indígenas”, observa.

*Com informações do G1 MS