Imagem ilustrativa - Arquivo/Correio do Estado/Valdenir Rezende

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), do Governo Federal, investigava mais um caso de gripe aviária em Mato Grosso do Sul, que foi descartado nesta quinta-feira (12).

A suspeita era de que aves do município de Figueirão, localizado na região centro-norte do estado, estariam contaminadas.

Com o caso descartado, Mato Grosso do Sul continua com apenas um foco da doença registrado em seu território, confirmado no dia 18 de setembro deste ano, em uma fazenda de subsistência localizada em Bonito.

No local viviam 82 galinhas, destas, sete vieram a óbito e 75 sacrificadas como medida de contenção. Os animais pertenciam a funcionários da fazenda, e foram classificados pelo Mapa como aves “domésticas de criação de subsistência”.

Desde o dia 1º de janeiro de 2022, data que consta no portal do Mapa como o início das investigações de Influenza Aviária em Mato Grosso do Sul, foram realizadas 72 investigações e coletadas 20 amostras.

Os municípios que apresentaram casos suspeitos e tiveram amostras coletadas pelo Mapa foram: Campo Grande (1), Dourados (1), Corumbá (2), Amambai (2), Ponta Porã (2), Bonito (4), Anastácio (2), Miranda (1), Sidrolândia (2), Ribas do Rio Pardo (1), Rio Verde de Mato Grosso (1) e Figueirão (1).

A investigação consiste em uma avaliação clínico-epidemiológica realizada por um médico veterinário oficial, que pode descartar ou optar por pedir amostras para diagnóstico laboratorial. Muitos casos já são descartados pelo profissional.

Quando há necessidade de realizar análise laboratorial, é realizada a coleta de amostras. Diante de resultados negativos para Influenza aviária e Doença de Newcastle, os casos são descartados e a investigação é encerrada.

Histórico

O primeiro caso registrado no Brasil foi notificado no dia 15 de maio, em duas aves marinhas resgatadas no litoral do Espírito Santo. No dia 28 de junho, o vírus foi detectado pela primeira vez em aves domésticas, em uma criação de patos, gansos, marrecos e galinhas, localizada no quintal de uma casa no interior do Espírito Santo.

Agora, o País já soma 125 casos confirmados, e outros 10 em investigação.

Recursos

O Governo Federal vai destinar para Mato Grosso do Sul quase R$ 2,5 milhões da Medida Provisória (MP) 1.177/2023, que abre crédito extraordinário de R$ 200 milhões no Orçamento de 2023 para combater a gripe aviária.

A MP foi aprovada no Senado no dia 3 deste mês. Os recursos estão sendo usados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária no Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária.

A medida provisória foi elaborada em conjunto com os Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente e Mudança do Clima; com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); e com a Defesa Civil, além de órgãos estaduais. A proposição foi editada no início de junho, quando foi confirmado foco da gripe aviária em Ubatuba (SP), na ave silvestre trinta-réis-real. À época, outros casos já haviam sido confirmados no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e no Rio Grande do Sul.

O dinheiro liberado pela medida provisória serve para pagar o deslocamento de equipes do serviço veterinário oficial e da vigilância agropecuária internacional, e de outras equipes que sejam necessárias, como bombeiros, defesa civil e Exército.

Os recursos também podem ser usados para contratar mão de obra para os serviços de desinfecção e para a compra de equipamentos de proteção individual, materiais para coleta de amostras, desinfetantes, lonas e bombas pulverizadoras.

Outra finalidade do crédito extra é a construção de rodolúvios e arcolúvios. Esses equipamentos pulverizam sanitizante diluído em água para higienização externa de veículos, a fim de conter o vírus. Na Comissão Mista de Orçamento (CMO), que analisou previamente a MP, o texto teve como relator o deputado Sérgio Souza (MDB-PR) e, como relator-revisor, o senador Wilder Morais (PL-GO). Três emendas apresentadas ao colegiado foram rejeitadas.

Orientações

Para evitar contato com o vírus, a Iagro orienta que a população não recolha aves doentes ou mortas, e entre em contato com a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) através do WhatsApp (67) 99961-9205, ou via telefone, para notificar o órgão caso encontre algum animal nessas condições.

Doença

A influenza aviária é uma doença de distribuição mundial, com ciclos pandêmicos ao longo dos anos, e com graves consequências ao comércio internacional de produtos avícolas.

Os vírus de influenza tipo A apresentam alta capacidade de mutação (drift e shift antigênico) e, consequentemente, de adaptação a novos hospedeiros. A adaptação dos vírus de influenza aviária ao homem já foi responsável por uma alta taxa de letalidade, e a possibilidade de transmissão desses vírus entre os seres humanos pode representar um alto risco para a população mundial.

Atualmente, os principais fatores que contribuem para a transmissão da influenza aviária são os seguintes:

Aves migratórias/silvestres  A exposição direta a aves silvestres infectadas é o principal fator de transmissão da IA. Estas aves atuam como hospedeiro natural e reservatório dos vírus da IA desempenhando um papel importante na evolução, manutenção e disseminação desses vírus. Essas aves normalmente apresentam infecção sem adoecer, o que lhes permite transportar o vírus a longas distâncias ao longo das rotas de migração. As principais espécies silvestres envolvidas parecem ser aves aquáticas, gaivotas e aves costeiras.

Globalização e comércio internacional  O intenso fluxo de pessoas ao redor do mundo, assim como de mercadorias, aumenta consideravelmente o risco de disseminação de doenças, incluindo a influenza aviária.

Mercados/feiras de vendas de aves vivas – Podem facilitar o contato próximo entre diferentes espécies de aves e outros animais, assim como com o homem, o que, além de favorecer a transmissão, aumenta a possibilidade de recombinações genéticas entre diferentes tipos de vírus de influenza.

Segundo o Mapa, aplicar medidas de biosseguridade nos estabelecimentos avícolas visando limitar a exposição de aves domésticas a aves silvestres, principalmente migratórias e/ou aquáticas, é a principal medida de mitigação de risco para introdução do vírus da influenza aviária no plantel avícola nacional, e, consequentemente, diminuir o risco de evolução do vírus para formas altamente patogênicas e recombinação com componentes de outros vírus de influenza para formar vírus que podem não apenas infectar seres humanos, como ser transmitidos entre seres humanos.

*Com informações do Correio do Estado