O narcotraficante Fernandinho-Beira-Mar - Brunno Dantas/TJRJ

Durante tele consulta psiquiátrica na última sexta-feira (20), o narcotraficante Fernandinho-Beira-Mar solicitou laudo de insanidade mental. Ele está preso, desde 2019, na penitenciária federal de segurança máxima de Campo Grande.

Essa não é a primeira vez que a defesa tenta caminhar por essa linha. Em 2019, ao ser transferido para o presídio da Capital, o custodiado entrou com o pedido de sanidade mental.

Em uma das situações, Beira-Mar chegou a escrever cartas para a Defensoria Pública da União e relatou sofrer maus-tratos na instituição. Durante uma de suas audiências em formato virtual, Fernandinho reclamou por não ter contato com os filhos.

Nesta mesma audiência, outra de suas reclamações foi a dificuldade para leitura na cela. E chegou a falar que gostaria de um ambiente salubre. “Para eu poder ler, poder estudar”, disse.

Além do isolamento, reclamou que sofria humilhações por partes dos agentes.

Quando cheguei aqui [ao presídio de Campo Grande], fui mantido isolado em uma espécie de VPI [Verificação Preliminar de Informação] administrativo. Alegaram me deixar isolado por um tempo desse para analisar o meu perfil. É impossível, porque estou há 14 anos [no sistema prisional federal]. Eles conhecem o meu perfil. Eu entendo isso como uma forma de tortura”, disse durante audiência, em 2021, e o vídeo foi publicado pelo Uol.

Condenação

O último julgamento durou mais de 10 horas. O traficante foi condenado por ter chefiado rebelião ocorrida em 2002, no Presídio de Segurança Máxima de Bangu 1, na zona oeste do Rio, que culminou com a morte de Ernaldo Pinto Medeiros, o Uê, na época líder da facção criminosa Terceiro Comando (TC), rival da facção Comando Vermelho (CV), chefiada por Beira-Mar.

O traficante também foi condenado pelo assassinato de outros três traficantes da facção rival: Carlos Alberto da Costa (Robertinho do Adeus), Wanderlei Soares (Orelha) e Elpídio Rodrigues Sabino (Pidi). A defesa, de imediato, anunciou que iria recorrer da sentença.

No final do julgamento, o traficante foi levado de helicóptero para o Aeroporto Internacional do Galeão Tom Jobim, na Ilha do Governador. De lá, seguiu em avião da Polícia Federal para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia, onde cumpriu pena, após ter passado um período no Presídio de Segurança Máxima de Catanduva, no Paraná.

Antes desse julgamento, Beira-Mar, no Rio de Janeiro, já tinha nove condenações, somando 133 anos e 6 meses de prisão. O traficante tem condenações também em outros estados e responde a processos por lavagem de dinheiro, contrabando e associação para o tráfico internacional de drogas.

*Com informações do Correio do Estado