Três médicos que atendem em Aquidauana e Anastácio, vieram a público, através de uma carta aberta, denunciar a conduta arbitrária e perseguição por parte da administração do Hospital Regional Dr. Estácio Muniz, a médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e funcionários. Inclusive tiveram reunião com o prefeito de Aquidauana, Odilon Ribeiro, sobre os fatos ocorridos dentro da Unidade, já que o Hospital está sob intervenção municipal.

Os médicos Wesley Gustavo Alves Altmeyer, Marcos de Souza Barbosa e Carla Oliveira Barros, após serem desligados da Unidade, devido a perseguição por parte do diretor clínico, Fábio Augusto de Araújo Colombo, acharam por bem expor todo tipo de assédio moral, coação e perseguição, não só por parte da direção clínica, mas também por parte da responsável técnica da enfermagem, Juliana da Rocha Miranda Damasceno e da diretora administrativa, enfermeira Cláudia Arruda Nascimento, aos profissionais do Hospital.

Ao ser questionada sobre a denúncia – que já foi protocolada no CRM/MS – Conselho Regional de Medicina, no COREN – Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul e no MPE – Ministério Público Estadual, a diretora Cláudia enviou uma nota para a Rádio NOVA FM, dizendo que se tratava de uma carta escrita de forma “apócrifa”, expressão usada quando um fato ou uma obra não tem sua autenticidade provada, ou seja, ela tem sua origem suspeita ou duvidosa. Porém se tais denúncias já foram protocoladas nos órgãos competentes, provavelmente estão materealizadas para providências cabíveis. A nota também cita que a carta é escrita de forma anônima, o que não procede, já que o documento cita o nome dos três médicos denunciantes, onde estes foram pessoalmente até o prefeito de Aquidauana, Odilon Ribeiro, denunciar o que anda acontecendo dentro do Hospital, inclusive aparelhos que não funcionam, medicamentos que são barrados, dificuldade em internar pacientes, entre outros absurdos.

Vale lembrar que no ano de 2023, foi feita outra denúncia por parte do corpo de enfermagem contra as duas enfermeiras citadas, pelo mesmo motivo: perseguição e assédio moral, mas devido a forte coação que ocorreu dentro do Hospital, após a divulgação da carta aberta de enfermagem, os profissionais recuaram e nada foi feito, onde os excessos por parte das enfermeiras Juliana e Claudia continuaram, segundo relatado pelos médicos.

Confira a carta na íntegra:

CARTA DE RECLAMAÇÃO ABERTA AOS ÓRGÃOS COMPETENTES, SOLICITAÇÃO DE FISCALIZAÇÃO E CUMPRIMENTO DE PROVIDÊNCIAS IMEDIATAS.

AO CRM/MS – CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DE MATO GROSSO DO SUL
AO COREN/MS – CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE MATO GROSSO DO SUL
AO MPE/MS – MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
AO GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, EDUARDO RIEDEL
AO SECRETÁRIO ESTADUAL DE SAÚDE DE MATO GROSSO DO SUL, Dr. MAURÍCIO SIMÕES
AO PREFEITO DE AQUIDAUANA, ODILON FERRAZ RIBEIRO
A SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE AQUIDAUANA, PATRICIA PANACHUKI
AO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE AQUIDAUANA, VEREADOR NILSON PONTIM
AOS VEÍCULOS DE IMPRENSA DE MATO GROSSO DO SUL

Três médicos que prestavam atendimento no Hospital Regional Dr. Estácio Muniz, em Aquidauana, vem a público repudiar toda forma de crime praticado com o uso indevido da medicina e da enfermagem. Utilizando-se dessas profissões, criada com o objetivo sagrado de salvar vidas, pessoas inescrupulosas estão praticando atos abomináveis dentro da Unidade Hospitalar, como atitudes arbitrárias por parte da Direção Clínica, de Enfermagem e Administrativa contra funcionários, enfermeiros e médicos. Atitudes estas que estão refletindo diretamente no atendimento aos pacientes em seu momento de maior fragilidade, já que médicos, enfermeiros e técnicos estão trabalhando constantemente sob perseguição e coação.

Há um bom tempo, a responsável técnica de Enfermagem, enfermeira Juliana da Rocha Miranda Damasceno, com o aval da diretora administrativa e também enfermeira, Cláudia Arruda Nascimento, com um “poder” que lhe foi dado, se acha no direito de interferir na conduta dos médicos, com mensagens autoritárias, como se exercesse alguma autonomia pelo Corpo Clínico. Pessoas estas que mal conhecemos, já que não se dão nem o trabalho de circular pelo Hospital para ver como anda o atendimento, apenas cuidam o movimento pelas câmeras, inclusive se utilizando desse mecanismo para praticar assédio moral contra a equipe de enfermagem, que trabalha diariamente sob forte tensão e medo da superior, que aterroriza a equipe com atitudes de coação. o que acaba atrapalhando no atendimento médico. É considerado falta de Ética na Enfermagem, condutas impróprias na realização de procedimentos de Enfermagem e também a falta de respeito nas relações interpessoais. A enfermeira Juliana inclusive interfere até nas internações clínicas, “autorizando” médicos a internar pacientes, tirando a autonomia do profissional em exercer seu papel dentro da Unidade. Até nos medicamentos que precisam ser ministrados aos pacientes a enfermeira Juliana interfere, negando o acesso a alguns deles quando o médico precisa prescrever.

O código de ética dos profissionais de Enfermagem cita que é vedado a estes negar assistência a pacientes em situação de urgência e emergência e que devemos nos posicionar contra faltas decorrentes seja por imperícia, imprudência ou negligência. Pedimos providências ao COREN – Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul, sobre esses casos de interferência na conduta dos médicos por parte da Responsável Técnica de Enfermagem e também sobre os casos de assédio moral que vem acontecendo dentro do Hospital Regional de Aquidauana.

Outra atitude arbitrária que vem ocorrendo é por parte do diretor clínico, o médico Fábio Augusto de Araujo Colombo, onde este tem faltado com respeito com seus colegas de profissão dentro do Hospital de Aquidauana. Aliás, uma direção clínica empurrada “goela abaixo”, já que após a desistência do antigo diretor, não foi oferecido a nenhum outro médico a possibilidade de concorrer ao cargo, que é votado entre os profissionais da área, aparecendo somente a chapa do Dr. Fábio. Mais uma arbitrariedade com o aval da diretora administrativa, enfermeira Claudia. Já que, mesmo sendo responsável pela parte administrativa, todas decisões finais dentro do Hospital tem que ter a autorização dela.

Agora o maior caso de assédio moral e desrepeito por parte do Diretor Clínico, com o aval da Diretora Administrativa, foi a perseguição aos médicos Wesley Gustavo Alves Altmeyer e Marcos de Souza Barbosa. Dr Fábio foi diretor clínico também no Hospital de Anastácio, além de cuidar dos pacientes internados, porém foi desligado pela direção do Hospital. Desde então ele vinha perseguindo os dois médicos dentro do Hospital de Aquidauana, como uma forma de culpa-los pelo seu desligamento de Anastácio (já que Dr. Marcos ficou com a direção clinica e Dr. Wesley Gustavo com os pacientes internados), com tratamento grosseiro, falta de retorno ao ser questionado sobre alguma internação clínica, já que nenhum médico pode internar sem seu aval, o que é abusrdo e desrespeita a conduta e diagnóstico por parte de seus colegas de profissão, comportamento este que interfere diretamente no bem estar dos pacientes.

Devido a essa culpa que o diretor clínico imputou sobre os médicos Wesley Gustavo e Marcos, ele retirou os dois definitivamente da escala médica do Hospital de Aquidauana, incluindo nesta perseguição até mesmo a médica plantonista Carla Oliveira Barros, esposa do médico Marcos, que trabalhava no local de segunda, quarta, quinta e sexta, das 07h00 às 19h00 e às terças, das 07h00 às 23h00. Decisão que desrepeita até mesmo o contrato de trabalho firmado com os médicos, já que uma das cláusulas diz que os profissionais precisam ser notificados 15 dias antes. A perseguição é nítida, já que Dr. Fábio entrou no consultório da Drª Carla e disse que ela ia “sentir o que ele estava sentindo, que ela ia sentir como era perder tudo”, se referindo a sua saída do Hospital de Anastácio. O que Dr. Fábio não entende é que sua demissão se deu por falhas da sua parte.

Ressaltando que, Dr. Fábio como diretor clínico, não poderia interferir e nem fazer a escala médica da Unidade Hospitalar, função que cabe à direção técnica, conforme definido pelo CFM – Conselho Federal de Medicina. Quando médicos questionam a diretora administrativa, ela reforça que é competência do Diretor Clínico, desrespeitando a resolução do Conselho. Pedimos ao Conselho de Ética do CRM/MS – Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Su, providências em relação às atitudes e postura do médico Fábio Augusto de Araújo Colombo.

Será protocolado também denúncia no Ministério Público Estadual, para providências cabíveis e já foi iniciado Processo para que a direção do Hospital Regional seja responsabilizada judicialmente.

Devido a toda essa situação deplorável que vem acontecendo dentro do Hospital Regional Dr. Estácio Muniz, nós, profissionais da Saúde, médicos estes que cumprem o juramento que fizeram, o “Juramento de Hipócrates” – uma promessa solene feita perante algo ou alguém que se considera sagrado, com o objetivo de fazer com que os médicos recém-formados professem publicamente ter responsabilidade com a profissão, honra com o diploma e respeito ao ser humano -, que pedimos providências ao poder público municipal e estadual – já que a Unidade Hospitalar está sob intervenção municipal -, que afastem essa diretoria arbitrária e inescrupulosa, que parece trabalhar em prol de interesses e vaidade de um chefe maior, que não se trata do prefeito de Aquidauana, o que é algo inadmissível aos interesses da sociedade que necessita de atendimento digno e igualitário.

“Exercerei a minha arte com consciência e dignidade, e de acordo com as boas práticas médicas”.
“Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém”.
“Partilharei” os meus conhecimentos médicos em benefício dos pacientes e da melhoria dos cuidados da saúde”.
“Não usarei os meus conhecimentos médicos para violar direitos humanos e liberdades civis, mesmo sob ameaça”.