O indígena Odair Cândido, 36 anos, é acusado de estuprar e engravidar a própria filha de apenas 11 anos. A família mora em Anastácio e ficou conhecida nacionalmente no ano de 2014. A mãe descobriu que esperava quadrigêmeas univitelinas na hora do parto, que foi normal. Eles são pais de 8 crianças e Denir Campos, 41 anos,tem outros três filhos de um relacionamento anterior.
Na época, o casal ficou conhecido por participar de um programa nacional e ganhar muitas doações, que segundo informações, não foram aproveitadas e trocadas literalmente por bebidas, já que Odair e sua esposa Denir são alcoólatras, e recebem constantemente a visita de equipes da Secretaria de Assistência Social do município e do Conselho Tutelar. Inclusive, os filhos já foram acolhidos enquanto os pais se tratavam. Depois, voltaram ao convívio familiar.
A identidade do pai estuprador é mantida sob o maior sigilo pela Polícia Civil do município, mas a reportagem do JNE apurou que se tratada do homem que ficou conhecido no país todo como um pai exemplar. Ele foi localizado e preso por investigadores do Setor de Investigações Gerais na última sexta-feira (31), na área rural do município. O JNE reportou o assunto quando o caso veio à tona no dia 13 de julho. Mas agora com um agravante, que a menina está grávida do próprio pai.
De acordo com a Polícia, o acusado sabendo que estava sendo procurado, pretendia fugir para o Rio Grande do Sul, sendo que, anteriormente, já havia sido determinada a proibição de aproximação dele com a menor. No entanto, ao tomar ciência da proibição, o pai rasgou a determinação judicial e fugiu para lugar desconhecido, mas teve o paradeiro descoberto pela Polícia Civil. O homem chegou a subir em uma árvore ao perceber a presença dos policiais em seu “esconderijo”.
Em razão dos fatos, foi solicitada autorização judicial para a prisão e então localizado e prendido o autor. Segundo o delegado responsável pela investigação, Jackson Vale, o investigado confessou os abusos e apresentou justificativa dizendo que a filha “consentia com os atos”.
Ainda de acordo com a autoridade policial, o pai ainda engravidou a menina, que hoje está no quinto mês de gestação, mas não deu muitos detalhes pois o caso está em segredo de justiça. O homem foi preso e encaminhado para o presídio ainda na sexta-feira.
Tristeza toma conta de menina com corpo de criança
A reportagem conversou com a com a coordenadora do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) de Anastácio, a assistente social Débora do Carmo, sobre a atual situação da pequena e seu estado de saúde e o relato da servidora foi de cortar o coração.
Quando a equipe do Creas soube da denúncia, de imediato a menina foi retirada do convívio da mãe e atualmente está com um familiar, sendo acompanhada semanalmente. A apesar de ser uma gravidez de risco, segue dentro dos conformes e o bebê se desenvolve bem.
“É uma criança, não parece ter a idade que tem, um corpo que não tem estrutura para aguentar uma gestação. Ela não aceita a gravidez, o fato do bebê mexer na barriga, deixa ela incomodada, a ponto de ter vontade de atentar contra a própria vida”, contou a coordenadora.
Segundo Débora, por enquanto não há menor possibilidade da menina ficar com a criança. Após o nascimento, será encaminhada para adoção. “Estamos trabalhando para ela não ter contato com o bebê, ela não aceita de jeito nenhum e também não tem estrutura psicológica e financeira”, relatou.
A família tem muitas crianças e vive em situação de extrema pobreza. Os pais são alcoólatras e todas as doações que ganharam quando as quadrigêmeas ficaram famosas, foi acabado com a bebida. Já eram acompanhados pela Assistência Social por motivo de negligência, a menina cuidava dos irmãos mais novos até o Creas tomar conhecimento e intervir.
Histórico de violência e bebedeira
Em julho de 2015, Odair foi preso por abandono. Ele negou a suspeita. A delegada responsável pelo caso na época, Marilda do Carmo Rodrigues, disse que o indígena saiu de casa com a intenção de agredir a esposa e abandonou as filhas. Ela já havia sido agredida por ele momentos antes.
“Ela saiu e deixou as crianças sob a responsabilidade dele. Porém, o companheiro também saiu logo em seguida, com a intenção de agredí-la. A mulher seria vítima de violência doméstica e nos informou que, antes de sair de casa foi empurrada, além de levar um puxão de cabelo”, afirmou a delegada.
Odair foi solto após pagamento de R$ 300 em fiança. Dinheiro dado por um amigo. Ao G1, ele disse, na época, que deixou as bebês de 10 meses com a filha de 11 anos na casa da família para buscar a esposa na casa da irmã dela, em um bairro vizinho.
No dia 31 de março de 2016 ele foi preso novamente por xingar e agredir a esposa, também índia, Denir Campos, de 41 anos. De acordo com informações do boletim de ocorrência, a mulher acionou a Polícia Militar e disse que havia sido ofendida pelo marido e ferida por ele com socos no rosto e pontapés. Ela ficou com uma lesão no braço esquerdo.
A indígena contou ainda aos policiais que ele chegou na residência do casal nervoso e passou a ofendê-la e a agredi-la. A mulher também relatou que é constantemente agredida por Odacir.
O homem foi preso em casa e autuado em flagrante por lesão corporal dolosa em situação de violência doméstica. Segundo a polícia, até a publicação desta reportagem ele não havia prestado depoimento. Ele chegou na unidade policial sob efeito de bebida alcoólica e depois dormiu na cela.