Thainara Kaufmann Firmino (21), mulher que torturava o próprio filho de 3 anos, o deixando em condições severas de desnutrição e desidratação, na cidade de Anastácio, está proibida de se aproximar da criança. Os vizinhos, pedindo anonimato, fizeram relatos de horror, de como o menino era tratado.
A delegada Isabelle Sentinello, que atendeu a ocorrência, explicou que após ouvir testemunhas, na segunda-feira (03), data em que a criança foi levada ao hospital da cidade pela própria mãe, decidiu por determinar a prisão pelo crime de maus-tratos qualificado. Diante da gravidade da situação, a Polícia Civil também pediu medida protetiva para que a mulher não se aproxime do filho.
Apesar de colocar Thainara em liberdade, a Justiça decidiu por determinar que a criança fique em uma unidade de acolhimento do município assim que receber alta. Também há proibição da mãe ou de qualquer familiar visitar a criança. A Polícia Civil também está apurando se outras pessoas foram negligentes nos cuidados com a criança.
No momento, o menino está acompanhado de uma assistente social no Hospital Regional em Campo Grande, onde recebe os cuidados necessários.
Relatos dos vizinhos são chocantes!
Vizinhos e moradores da região onde o menino de 3 anos morava, relataram que já haviam denunciado o caso várias vezes às autoridades.
Conforme uma testemunha, que prefere não se identificar por medo de represálias -já que a família gosta de tirar satisfações com tudo e todos -, a mãe da criança morava no local há cerca de um ano e nesse tempo dormia com o menino em um colchão do lado de fora da casa.
“No começo, a sogra da Thainara cuidava, mas depois foi deixando, largando mão. A gente presenciava roupa com cocô, presenciava o menino brincando até com as próprias fezes”, relatou um dos moradores.
Certo tempo, os moradores perceberam que a criança havia parado de sair de dentro da casa. Sempre que questionavam, os parentes diziam “Tá ali dentro”. Sem precisar quanto tempo desde a última aparição do garoto, a informação é de que assim que conseguiram ver o menino já veio o susto. “Ele estava muito desnutrido. Parecia uma criança da África”, lamentou.
Outros vizinhos questionaram a avó, e ela teria dito que ele não estava querendo comer.
Mesmo naquelas condições, o menino era agredido, amarrado, como se fosse um bicho feroz! À Polícia, a sogra de Thainara confirmou que via os fatos, mas que não queria “interferir na educação”.
“Essa criança chorava o dia todo, acho que era de fome. E apanhava quando pedia comida”, contou uma testemunha.
Então os moradores começaram a fazer as denúncias, porém, sem sucesso. “Denunciei e nada. Depois outros moradores também denunciaram e nada. Agente de saúde foi lá, mas eles não a deixaram entrar. Ela marcou consulta para criança, mas a família não levou e ficou por isso mesmo. Por que não insistiram?, relata revoltado um dos vizinhos.
Segundo as testemunhas, o Conselho Tutelar chegou a ir lá também, mas não fizeram nada. “Porque não vieram com a polícia?”, questiona a vizinhança. Segundo eles, várias denúncias foram feitas ao Conselho, mais de dez, mas a informação é rebatida. Em uma entrevista ao Cidade Alerta MS, a conselheira que atendeu o caso disse que foram “só duas vezes”, uma na casa e a outra no hospital, quando foi acionada pela equipe médica. Moradores contestam essa versão.
Ainda conforme relatos, na casa moram cerca de 14 pessoas, sendo a maioria adultos, dois adolescentes e o menino como única criança.
“Eles fumam, se prostituem, bebem de segunda a segunda. Eles tem comida, sim, que já presenciei recebendo sacolão. Eles recebem bolsa-família e vale renda e outras coisas. Não cuidaram porque não quiseram cuidar mesmo”, afirma.
Com medo da população, Thainara pediu para ser presa
O JNE apurou que a genitora do menino, que foi solta pela Justiça no início da tarde desta quarta-feira (05), ao ver a repercussão do caso e temendo pela sua integridade física, junto com o pai foi até a delegacia pedir para ser recolhida em uma cela. Claro que houve negativa por parte da Polícia Civil, já que não há nenhum mandado de prisão em seu nome.