Mas a “pátria dos direitos humanos” — como o país é conhecido por ter feito a primeira declaração nesse tema durante a Revolução Francesa — também expulsou milhares de moradores de rua para “embelezar” a cidade, como ocorreu em Olimpíadas em outros países, criticam associações.
“As autoridades fizeram a promessa de que um dos legados dos Jogos de Paris seria o de uma sociedade mais inclusiva. Mas Paris não será uma exceção na tendência de esconder os pobres nas Olimpíadas”, disse à BBC News Brasil Théodore Malgrain, porta-voz da ONG O Reverso da Medalha, que reúne uma centena de associações que atuam na área de assistência social.
Para a Olimpíada de Paris, segundo a ONG, mais de 12,5 mil pessoas foram removidas, sobretudo na capital francesa e na Seine-Saint-Denis, região ao norte de Paris onde fica a Vila Olímpica, o centro aquático e outros locais de competição, como o Stade de France, onde haverá provas de atletismo. As remoções foram alvos de protestos.
“Os Jogos Olímpicos e grandes competições, como Copas do Mundo, têm em seu gene a tendência de limpeza social,” afirma Malgrain, se referindo à expressão utilizada pelas associações para a remoção de pessoas que vivem nas ruas durante eventos importantes.
O relator especial da Nações Unidas para direito à moradia, Balakrishnan Rajagopal, questionou a França, em abril, sobre a situação dos “grupos marginalizados.”
Ele afirmou, na rede social X, que “as expulsões para embelezar Paris antes dos Jogos são similares ao que a China e outros fizeram antes de grandes eventos. Como a França justifica isso?”, questionou.
As autoridades francesas negam que a retirada dos sem-teto, enviados para abrigos temporários em outras cidades, tenha a ver com os Jogos Olímpicos.
“Não há faxina social”, declarou a ministra dos Esportes e dos Jogos Olímpicos de Paris, Amélie Oudéa-Castéra.