É #FAKE que pai do presidente da OAB foi morto por integrantes da ALN

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Circula nas redes sociais um vídeo que mistura trechos de uma reportagem do Jornal Nacional com uma entrevista dada por um ex-guerrilheiro à GloboNews dando a entender que Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, foi justiçado por integrantes da Ação Libertadora Nacional (ALN). É #FAKE.

Na verdade, Fernando Santa Cruz Oliveira nunca fez parte da ALN. O pai do presidente da OAB militou no movimento estudantil e participou da Juventude Universitária Católica (JUC), movimento da Igreja reconhecido pela hierarquia eclesiástica. Depois, integrou a Ação Popular (AP), organização de esquerda contrária ao regime.

Os casos mostrados no vídeo se referem a Marcio Leite de Toledo, morto em março de 1971, e Francisco Jacques de Alvarenga, morto em junho de 1973. A entrevista do integrante da ALN assumindo participação no justiçamento foi concedida ao repórter Geneton Moraes Neto e exibida na GloboNews em 2012. No depoimento, Carlos Eugênio Paz, que era comandante militar da ALN, não fala sobre Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira.

A edição que mistura as imagens, no entanto, dá a entender que ele fala sobre o pai do presidente da OAB – o que não é verdade.

Outro detalhe histórico que denota a falsidade da montagem é que Paz já não estava no Brasil quando Santa Cruz desapareceu. Ele havia se exilado no exterior após o desmantelamento da ALN.

De acordo com o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, há duas hipóteses para as circunstâncias do desaparecimento de Fernando e do colega. A primeira possibilidade é dos dois terem sido levados do Rio de Janeiro, onde foram presos, para o DOI-CODI do II Exército, em São Paulo. Depois, seus corpos podem ter sido encaminhados para serem sepultados como indigentes no Cemitério Dom Bosco, em Perus. A outra possibilidade é de ambos terem sido encaminhados para um centro clandestino de tortura criado pelos órgãos de repressão que ficou conhecido como Casa da Morte, em Petrópolis. Neste caso, posteriormente, os corpos podem ter sido levados para incineração em uma usina de cana de açúcar em Campos dos Goytacazes (RJ). (G1)